A obtenção de um Testemunho Digno de Vanglória

Vivemos um tempo em que as previsões bíblicas se tornam realidades visíveis. Paulo registra que nos últimos dias tempos difíceis sobreviriam à terra (2 Timóteo 3:1). Agora mesmo estão acontecendo coisas que não poderíamos imaginar a poucos anos. Como se poderia supor uma epidemia de tiroteios em escolas - que já dura quinze anos?

Jesus previu que os homens se tornariam amantes de si mesmos, do dinheiro, odiosos, jactanciosos e arrogantes. Atualmente os líderes de nosso país não conseguem sequer entrar em acordo em relação aos princípios mais básicos. Se alguém tem a coragem de mencionar pecado, é chamado de intolerante, e é marginalizado. À medida que a palavra de Deus é posta de lado na cultura, o pecado se torna mais e mais prevalente.

Os pastores sentem o bombardeio espiritual. Semana após semana, fico sabendo que mais um casamento pode estar se desfazendo. Os garotos se cortam na pele em autoflagelação. As drogas estão mais difundidas do que nunca. E há poucas vozes de socorro quando a cada mês 1.500 pastores deixam o ministério.

Como corpo de Cristo, não podemos dormir diante destas coisas. O Velho Testamento fala dos filhos de Issacar, um grupo que tinha conhecimento das épocas e talento no tratar com o mundo. O mesmo poderia ser dito quanto ao corpo de Cristo hoje? Se discernimos os tempos, sabemos que este não é momento para meias medidas. A única maneira para “tratarmos com o mundo” não é deixarmos a igreja ser um negócio como outro qualquer. Jesus citou certos espíritos demoníacos, “Esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum” (Mateus 17:21). Nos dias atuais, as nossas orações têm de ser fervorosas – pois sem transformação espiritual as coisas se mostrarão muito sombrias.

Em meio às trevas, Jesus nos chama para sermos luz. E eis a nossa mensagem para este momento: “Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (I João 4:4). Deus tem feito obras impressionantes na vida do Seu povo. E cada um de nós é chamado a proclamar a Sua glória através de um testemunho digno de se vangloriar.

Como é um testemunho digno de se vangloriar? Eu posso me ver preso a um testemunho não digno de vanglória. Sou um pastor confessional; não tenho problema em me abrir quanto aos meus erros e deficiências. Mas se eu não for cuidadoso, posso ficar preso ao modo confessional. Não é suficiente dizer aos outros que estamos lutando ao longo da jornada. Os tempos pedem que nos desloquemos do estilo de vida da lamentação para um estilo de vida digno de vanglória.

Eis o tipo de vanglória ao qual me refiro: “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor” (2 Coríntios 10:17). Para nos vangloriarmos segundo o tipo que Paulo descreve, temos de ter uma jactância digna da glória de Deus.

As personagens bíblicas não conseguiam imaginar a vida de fé como uma coisa qualquer

Davi nunca disse, “O meu pai me mandou ser pastor, então fui um pastor bom. Afugentei leões e nunca perdi uma ovelha”. Esse era um bom testemunho – mas não era digno para Deus. A vanglória de Davi foi, “Como um jovem pastor, matei um gigante que ameaçava o povo de Deus. Ninguém mais conseguia lutar com ele, mas o Senhor me fortaleceu – e Golias caiu morto”.

Como copeiro na Babilônia, Neemias arriscou a vida como provador de bebidas do rei. Mas a vanglória de Neemias em Deus era diferente. “Reconstruí uma cidade para restaurar a honra do nome de Deus”. O nome de Deus estava sendo zombado nas ruas de Jerusalém; Neemias sentiu o fogo ardendo em si – e se determinou a reconstruir as muralhas.

O testemunho de Moisés não foi, “Vivi no palácio do faraó e tinha muita autoridade”. A sua vanglória foi, “Deus me falou de uma sarça ardente – e enfrentei o faraó dizendo ‘Deixe ir o meu povo’”. A sua vanglória foi ouvida no mar Vermelho: “O exército do Egito se afogou no mar!”.

Os crentes do Novo Testamento tiveram a mesma vanglória. Estevão era um presbítero que distribuía alimento às viúvas – um bom testemunho em si. Mas seu testemunho digno de vanglória veio quando ele pregou a uma multidão incrédula. Seu sermão foi tão ungido que levou as pessoas a pegarem pedras para matá-lo. O testemunho de Estevão foi duplo: ele foi o primeiro mártir da igreja, e seu fiel sacrifício mais tarde iria impactar um fanático judeu chamado Saulo.

Ainda tenho de encontrar um cristão que nunca tenha se perguntado, “Será que não há nada a mais nessa vida em Cristo? Quando vou ver o poder de Deus sendo manifesto nesta geração?”. Talvez você esteja enfrentando algo que exija a intervenção de Deus. Não é hora de se dizer, “Vou frequentar mais à igreja”. É hora de dizer, “Confio que Deus vai demonstrar o Seu poder na minha vida. Ele vai salvar o meu casamento, resgatar meus filhos, impactar os meus colegas. Ele vai me dar um testemunho digno de vanglória”.

Esta mensagem não é para causar uma viagem de culpa. É para provocar uma paixão em nosso coração – uma paixão muitas vezes reprimida pelo medo e pela dúvida. Algumas pessoas deixaram a fé de lado por tanto tempo que não acreditam mais que possam ter um testemunho digno de vanglória. A palavra de Deus diz diferente.

Um testemunho digno de vanglória nem sempre é o que imaginamos

O livro de Hebreus menciona dois tipos de testemunhos. Todos preferimos o primeiro tipo, quando os santos conquistam reinos, destroem o inimigo, matam gigantes. O segundo tipo de testemunho é totalmente diferente: cristãos são serrados ao meio, passam fome, se congelam, se escondem em cavernas. E mesmo assim Hebreus diz que tais eram dignos de se vangloriar. O testemunho de Estevão foi, “Pus a vida em risco pelo meu Salvador. Eu estaria disposto a ser martirizado se isso pudesse alcançar um homem como Saulo”. E alcançou.

É demasiadamente fácil para os cristãos atualmente viverem do testemunho dos outros. Quantas vezes nos pegamos dizendo, “Você ouviu do avivamento espiritual na África?”. “A igreja nos Estados Unidos faz um grande trabalho entre os pobres”. “A nossa igreja abriu as portas para alcançar os drogados”. Devemos nos regozijar na fidelidade de todos que estão fazendo diferença em nome de Cristo. Mas Paulo se recusou a viver indiretamente através da obra de outrem: “Não vamos além de nossos limites, gloriando-nos de trabalhos que outros fizeram. Nossa esperança é que, à medida que for crescendo a fé que vocês têm, nossa atuação entre vocês aumente ainda mais” (2 Coríntios 10:15, NVI).

Você pode achar que sua vida não está à altura. A questão não é esta. Tudo pode ser mudado com uma simples oração de fé. Pouco antes de eu pregar um dia destes, uma senhora da igreja me contou algo que havia acontecido aquela semana. Após trinta e oito anos de vício em maconha, Deus a havia libertado. Isso aconteceu através de uma simples visita de dois ministros leigos de nossa igreja. Ao orarem com ela, ela ganhou convencimento quanto à maconha que tinha em seu apartamento. Ela se levantou e jogou fora.

A libertação da mulher foi real e duradoura. Ela obteve um testemunho digno de vanglória quanto ao poder libertador de Deus. E os dois ministros leigos têm testemunho igualmente. Deus os usou de um jeito que eles não poderiam ter orquestrado. Todos os três podem dizer, “Vejam o que Deus fez hoje em nosso meio”.

Mesmo começando bem pequena, a fé começa a se elevar em nossos corações. Entendemos que se “Deus fez isso a semana passada. Ele pode fazer de novo esta semana”. Quero me jactar de que a nossa igreja tem ministérios poderosamente eficientes que foram impulsionados bem deste jeito – porque um indivíduo foi fiel para ajudar uma pessoa. Em todos os casos, a atitude de um crente, em cima de oração, levou à formação de um ministério de aconselhamento, a um ministério de misericórdia, a um ministério de discipulado e outros mais. O mesmo pode se aplicar a todo crente. Ao construirmos uma história de testemunhos dignos de se vangloriar, a nossa fé cresce para buscar a Deus por coisas maiores.

Inícios pequenos com o tempo afetam comunidades inteiras. Quando meu pai, David Wilkerson, começou uma igreja em Times Square, a área principal na Rua 42 era medonha. A cada passo havia um traficante, uma prostituta ou alguém anunciando cinema pornô. A abordagem do meu pai para qualquer ministério sempre foi começar com oração – e ele me pediu para dirigir uma reunião de oração numa noite de sexta feira na igreja.

Os primeiros cultos atraíam vinte a trinta pessoas. Nós fielmente clamávamos que Deus trouxesse transformação à cidade. Com o tempo, os nossos cultos cresceram para quase oitocentas pessoas. Ao elevarmos nossas vozes em esforço de oração, Deus colocou um peso em nossos corações pela Rua 42. Então levamos nossos esforços de oração para a rua, onde distribuíamos folhetos.

Logo notamos mudanças ocorrendo. Havia menos traficantes e prostitutas. Um a um os locais de pornografia se fecharam. Finalmente, as imobiliárias chegaram e foram comprando uma propriedade atrás da outra. Hoje, a principal presença em Times Square – que antes era palácio para pornografia, drogas e prostituição – é a Companhia Walt Disney. A Rua 42 agora pode ser o quarteirão mais saudável de Nova York. Creio que isso parcialmente seja devido à oração de pessoas que criam em Deus para fazer grandes coisas.

A nossa fé tem o objetivo de ajudar os outros a ter um testemunho digno de vanglória

O primeiro efeito de um testemunho digno de vanglória é edificação da nossa fé. O segundo efeito é edificar a fé dos demais: “Pois mesmo que eu tenha me orgulhado um pouco mais da autoridade que o Senhor nos deu, não me envergonho disso, pois essa autoridade é para edificá-los, e não para destruí-los” (2 Coríntios 10:8, NVI). Paulo está dizendo basicamente, “Deus não só operou poderosamente através da minha vida. A Sua obra em mim e através de mim tem o objetivo de estimular a tua fé a obras maiores”. A nossa fé é contagiante. Ela constrói a fé dos outros para envolvê-los em atitudes com maior arrojo.

A vanglória final de Paulo é curiosa: “Se devo orgulhar-me, que seja nas coisas que mostram a minha fraqueza” (11:30). O ponto dele é o seguinte: o nosso testemunho digno de vanglória nunca resultará de nossa própria força. A nossa vanglória será sempre, “Sem Deus, não sou um derrubador de gigantes – mas sim um pastor de ovelhas”. “Não sou um construtor de muralhas, sou um copeiro”. “Não sou um libertador – sou um pastor vagando pelos desertos do Egito”.

O testemunho digno de se vangloriar nunca virá de nossa própria força, zelo ou esforço. Se dependermos de qualquer destas coisas, o nosso testemunho perderá o poder. Mas quanto mais temos conhecimento da nossa incapacidade, mais o poder de Deus repousa sobre nós: “Ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2 Coríntios 12:9).

Há uma força disponível para nós que não é dada aos orgulhosos, aos arrogantes, aos autossuficientes. Ela é dada somente aos que humildemente se dobram sobre sua face e dizem, “Jesus, eu quero um testemunho digno de vanglória. Somente Tu podes me dar isso. Quero fazer diferença no mundo negro desta geração. Quero ser a Tua luz”. Esta é a minha oração nestes dias atuais. Que ela seja a tua também!