O Clube dos Sete Mil

“Conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou” (I Reis 19:18).

Tenho notícias maravilhosas para todo cristão que esteja desencorajado pela apatia e impiedade deste país. Que seja conhecido que não importa o quão ímpia e corrupta a sociedade se torne, não importa quantos cristãos façam concessões, não importa quantos caiam no pecado – Deus ainda tem um poderoso remanescente de pessoas santas, separadas, e fiéis a Ele.

É tão fácil para os cristãos serem enganados a pensar que Satanás esteja vencendo nessa batalha pelos santos, e que a prevista “apostasia” dos últimos dias tenha tocado todo o povo de Deus. A Bíblia efetivamente prevê que nos últimos dias muitos se desviarão: que os homens amarão mais os prazeres do que a Deus; que o amor de muitos esfriará; que os maus e os enganadores irão de mal a pior; e que Satanás irá declarar guerra contra os santos do Altíssimo.

Também é verdade que Satanás, como um leão que ruge, chega agora em grande fúria, buscando vítimas para devorar. Os inimigos de Deus irão numa tentativa de enganar e seduzir todo verdadeiro seguidor de Cristo. O inferno liberou todos os seus poderes, esperando arruinar e destruir a fé dos escolhidos de Deus.

Mas creio que o Espírito Santo tenha uma gloriosa e encorajadora palavra para a Sua igreja. A verdade é: nem todos do povo de Deus estão se desviando! De modo algum! Deus nesse momento está levantando uma multidão de consagrados santos que se erguem contra a idolatria deste século. Eles estão tão cheios de amor por Cristo, que estão prontos e dispostos a serem perseguidos devido à sua fé e consagração.

Elias tinha fugido das ameaças de Jezabel, a ímpia mulher do rei Acabe. Deus o encontra oculto numa caverna no monte Horebe, e diz, “Elias, o que você está fazendo aqui escondido?”.

Elias, o grande profeta da santidade e da justiça, tão zeloso da glória de Deus, se desencorajara inteiramente pela ruína moral que o país estava vivendo. Com ira santa, Elias responde, “Deus, tenho sido zeloso pela Tua glória, mas o povo esqueceu a Tua palavra; os Teus altares foram derrubados, Teus ministros perseguidos. Sou o único que restou – e agora querem me pegar também...”.

Pelas aparências, Elias tinha um bom argumento. A sociedade estava próxima a um colapso. O governo era o mais corrupto e vil de toda a história. A Bíblia diz, “Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar o Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (I Reis 16:33). O governo na verdade estava forçando o país à idolatria. Jezabel era a rainha mais iníqua a já compartilhar o trono. Era uma mulher com ódio por Deus, decidida a matar todos os seguidores de Jeová. Foi um tempo terrível de perseguição, imoralidade, e insanidade. Os profetas de Deus tinham de se esconder em cavernas e ser alimentados por simpatizantes. Multidões de homens perversos percorriam o país, derrubando os altares de Deus e matando Seus sacerdotes. Toda liberdade religiosa se extinguira. Altares pagãos alimentavam a concupiscência de adultério de uma nação cujo povo se entregara à iniquidade. E agora vem o insulto supremo: Jezabel decreta o assassinato do maior pregador de Israel, o profeta Elias.

Elias estava decidido a “aguentar até o fim”. Se o país inteiro abandonava Deus, ele se manteria fiel! Mas Deus não estava a fim de parabenizar este profeta escondido, pois naquele exato momento o Espírito Santo estava se movendo pela terra. O jovem Eliseu sentia os primeiros agitos da mão de Deus sobre si. Jeú, jovem revolucionário de poder, estava ansioso e não aguentava esperar para declarar guerra à corrupção e à impiedade da terra. Um grande despertamento moral estava prestes a acontecer, e Deus logo iria lançar Jezabel aos cães e derrubar os governantes ímpios.

Mas agora chega o verdeiro choque: Elias é mui enfaticamente informado por Deus, “Tenho para Mim 7.000 que não fizeram concessões; 7.000 que não cederam à corrupção ao seu redor. Não foram seduzidos. Eles são Meus!”.

Não só três jovens – Jeú, Hazael e Eliseu – não só uns poucos, um aqui e outro lá – mas milhares! Deus estava tentando dizer a Elias que Ele tinha o Seu povo colocado em posições chaves, por todo o país, crentes firmes e fiéis, a despeito da corrupção em torno.

Até pouco tempo, eu mantinha o mesmo tipo de pensamento que levou Elias ao desespero. Vejo o materialismo devorando nossa vida espiritual. Levanto-me em justa indignação contra o homossexualismo, a pornografia, e o submundo alardeando sua ilicitude. Vejo cristãos transigindo, fazendo concessões, corroendo padrões; mornidão, apostasia. Cristãos divididos aliados aos maus. Os sindicatos cheios de corrupção; o governo manchado por escândalos; e dignatários da igreja zombando dos padrões santos dos pais da nação. Às vezes, tenho vontade de me levantar e berrar, “Acorde, meu país! O juízo está chegando! Deus vai nos fazer pagar pela nossa violência e nossa iniquidade”. Vejo acontecendo com o nosso país o que Elias viu acontecendo com o dele. E alguns cristãos vão se escondendo, exatamente como ele fez.

Contudo, ultimamente Deus tem me encorajado a abrir os olhos ao grande chamamento aos santos que está tendo lugar agora, em nosso tempo. Deus disse a Elias, “Milhares não se dobraram”. Para nós, creio que Ele está dizendo, “Milhões não se dobraram!”.

Glória a Deus, não somos um remanescente minúsculo! Não somos uns poucos fiéis! Somos um exército; uma multidão lavada pelo sangue, em todos os caminhos da vida, exército que não se dobra e não transige em um século enlouquecido. Satanás gostaria que o povo de Deus achasse-se cada vez menor; ele quer que os verdadeiros crentes pensem que a maioria já desertou para o lado dele, e então o medo os impulsione a se esconder. Não acredite nas mentiras de Satanás! Deus continua operando, derramando o Espírito Santo, atraindo os corações famintos para Si. Mesmo com toda a apostasia, materialismo, amor pelo conforto, preocupação com sucesso e ganhos do mundo – Deus conclama um povo que arranca suas raízes terrenas e está se preparando para a volta de Cristo como Senhor!

Durante seus primeiros trezentos anos, a igreja atravessou nove sistemáticas perseguições. A primeira foi sob o imperador Nero; a seguir Domiciano, Trajano, Marcus Severus, Maximiniano, Décio, Valeriano e Aureliano.

No intervalo entre tais perseguições, a igreja teve algo entre dez a cinquenta anos de descanso. A igreja esteve sempre no seu melhor sob o fogo da perseguição, e nos momentos mais fracos quando amigável com o mundo. Um estudo da história mostra que de 255 A.D. até o ano 303 A.D. a igreja desfrutou de quase cinquenta anos de tolerância e paz. Durante este período os cristãos tinham atingido um grau de prosperidade sem paralelo, enquanto ao mesmo tempo, havia um profundo declínio quanto à simplicidade do evangelho.

Belos templos foram levantados durante todo o império, com grande exposição de esplendor arquitetônico. Paramentos coloridos e vasos sagrados de ouro e prata foram introduzidos nos cultos de adoração. Virou moda se ligar à igrejas cristãs; mesmo a mulher do imperador Diocleciano e sua filha eram membros. Os cristãos chegaram à altas posições, até mesmo à casa imperial. Mantinham postos de suprema autoridade nas províncias e nas forças armadas.

Mas cinquenta anos de prosperidade e facilidades produziram as consequências usuais. A fé e o amor decaíram; o orgulho e a ambição foram se infiltrando; o materialismo se tornou obsessão tanto dos leigos quantos dos bispos. O clero se tornou corrompido pelo orgulho, pelo luxo, e por um espírito de ganância.

Cipriano, o piedoso bispo de Cartago escreve: “Porque o regime de vida divinamente prescrito foi prejudicado no longo tempo de paz, um julgamento divino foi enviado para reestabelecer a nossa fé caída e adormecida. Esquecendo o que os crentes faziam no tempo dos apóstolos e o que deveriam estar fazendo, os cristãos trabalhavam com desejo insaciável de aumentar seus bens terrenos. Muitos dos bispos, que deveriam ser exemplos, negligenciaram seu chamado, passando a se envolver nas coisas mundanas”.

O triste efeito das facilidades e da prosperidade do mundo foi uma igreja enfraquecida e sem fé. Ciúmes e dissensões dividiam a igreja, e heresias foram introduzidas. Assim, mais uma vez, Deus teve de trazer perseguição ao Seu povo para aperfeiçoá-los e purificar.

Quase como um relâmpago, o imperador Diocleciano começou a se enfurecer com a cristandade. De novo a perseguição alcançou a igreja com força total. Tornou-se a maior perseguição na história da igreja, e durou um total de dez anos.

Aproximadamente em 24 de fevereiro em 303 A.D., um édito foi proclamado para que todas as igrejas cristãs fossem destruídas, os cultos religiosos descontinuados e todas as Escrituras queimadas. Templos pagãos foram erigidos, e todos os que recusassem a se dobrar e cultuar eram mortos. Os cristãos que não renunciassem a fé eram torturados, e os bispos e sacerdotes foram pegos e aprisionados. Os cristãos mais consagrados que sobreviviam eram enviados como escravos às minas e tratados como animais.

Mas foi o fogo desta terrível perseguição que despertou um exército de santos adormecidos. O cruel tirano, com seus éditos sanguinários, calculou mal. Ele achou que uma igreja enfraquecida por prosperidade e facilidades iria simplesmente negar a fé por causa do medo, e se voltar à adoração de ídolos. O imperador fora uma ferramenta manhosa de Satanás. Antes, ele perseguiu o povo de Deus, primeiro tentando sugar a força espiritual deles lisonjeando-os, levando-os a ter relações com a corte real, enriquecendo-os com prédios bonitos e dias prósperos. E bem quando Satanás viu que havia viciado a igreja com moleza e luxo; bem quando viu que havia corrompido o clero; bem quando o paganismo e o cristianismo haviam feito as pazes – ele baixou o cetro maligno da perseguição violenta. Isso agora era uma guerra entre Deus e o Diabo. Satanás estava determinado no ano 303 A.D. a exterminar de uma vez por todas o que fosse cristão. Mas pelo contrário, ele despertou um gigante que dormia. O espírito do martírio reviveu. Apesar de que alguns fossem muito fracos espiritualmente para sobreviver, muitos cristãos, que antes haviam se deitado nos leitos do relaxamento e do fausto, aceitaram com alegria o espólio dos seus bens. Os jovens, especialmente, se tornaram fortes no Senhor e se alegravam em meio à terrível perseguição. Ministros novamente se fortaleceram na oração e na fé. O mundo perdeu seus atrativos, e o povo de Deus se juntou em unidade e em amor. Em pouco tempo, os cristãos corajosamente se mostravam e se ofereciam a morrer por Cristo.

De novo a igreja desfrutou de quarenta anos de prosperidade, desde a última depressão mundial na década de trinta. Será que os cristãos, que guiam carros caros e que vivem em lindas casas cheias de luxo, serão capazes de sofrer a perda de todas as coisas por Cristo? Ou, o nosso estilo de vida confortável nos tornará fracotes espirituais que finalmente se dobrarão aos ídolos modernos? Sem dúvida, muitos cristãos gananciosos e que amam a diversão irão apostatar quando as coisas ficarem críticas.

Mas Deus tem encorajado o meu coração com o conhecimento de que agora mesmo o Espírito Santo está levantando o povo mais dedicado, consagrado e santo que a igreja já conheceu.

Por todo o país, converso com jovens muito piedosos que foram criados no luxo e no conforto, e que não dão a menor bola para o materialismo. Estão desejosos de dar suas vidas, corpo e alma, ao ministério de Cristo. Cristãos de todos os lugares, de todas as idades, parecem estar ficando cansados de posses e estão, pelo contrário, buscando um caminhar mais profundo com o Senhor. Há uma fome aprofundada de santidade. Há multidões que estão depositando as suas taças de vinho, se afastando das seduções ímpias, e purificando as suas vidas das concessões.

Quero contar o que será preciso para ser um vencedor nos dias que virão!

“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” (Atos 7:51).

Estevão introduziu este ponto: você pode chamar a si próprio de filho de Deus, mas está resistindo ao Espírito Santo; você é obstinado se o seu coração e os seus ouvidos não estão santificados. Vejo esta resistência ao Espírito Santo por todo lado aonde eu vá: ouvidos que se agarram à obstinação, que não estão dispostos a se fechar ao mundo. Esta geração está retendo para si os ouvidos. Parecem estar dizendo, “Dei o coração para Jesus: mas os ouvidos são meus!”.

Eles preenchem a alma com música pecaminosa e pagã. Mesmo músicas sertanejas se tornaram imorais, iníquas e sujas. Deus precisa nos mostrar que ouvir é tão mal quanto ver. Se a fé vem pelo ouvir, a insensatez também vem. Mas somos muito teimosos, muito resistentes ao Espírito Santo. A nossa reação é, “Que tipo de prejuízo à santidade é isso? Ouvir letras de rock ou música sertaneja não me faz o menor mal...”.

Deus tem me repreendido, dizendo que não posso mais permitir que um ouvido incircunciso polua o meu coração - e que depois eu me levante e fale de entrega a Jesus!

Paulo, falando aos Hebreus diz “Lembram-se de que vocês suportaram grandes aflições? E como aceitaram com alegria o espólio dos seus bens?”.

De certa maneira, isso significa que as propriedades deles foram confiscadas, mas em um sentido mais verdadeiro, tais propriedades se tornaram amargas, desagradáveis a eles. Eles olhavam tudo que tinham e diziam, “Para mim, estas coisas se estragaram, estão espoliadas”.

Espoliar também quer dizer apodrecer, decair. Graças a Deus pelo que você tem, mas olhe para elas como coisas que estão apodrecendo, se deteriorando. Em todo o Velho Testamento, os exércitos inimigos que saqueavam as propriedades de Israel eram chamados espoliadores, saqueadores.

Quero ser o meu próprio saqueador. Quero que tudo que eu possua azede. Quero que as músicas impuras tenham gosto amargo, que as diversões mundanas amarguem, que as amizades impuras azedem! Quanto mais azedo o mundo ficar, mais doce Cristo se tornará.

Você se lembra dos três homens que deram desculpas? Eles não puderam comparecer à ceia porque: um comprou terras e tinha de fechar o negócio; um comprou bois e tinha de testá-los; outro se casou e queria lua de mel. Deus não está contra se possuir terras, boi ou se casar. O pecado deles foi colocar estas coisas em primeiro lugar.

Você não precisa parar de fazer esportes, vender o carro ou parar de namorar. Mas Jesus precisa vir em primeiro lugar! Mesmo porque tudo mais é nada em comparação!

O chamado de Jesus é para ficar sóbrio. A Bíblia tem muito a dizer em relação à sobriedade. Paulo diz a Tito: “Quanto aos moços, de igual modo, exorta-os para que, em todas as cousas, sejam criteriosos” (Tito 2:6). Ele fala também de seriedade, sinceridade.

Pedro alerta os cristãos: “Cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios” (I Pedro 1:13).

“O fim de todas as cousas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações” (I Pedro 4:7).

Ele não está falando aqui de se ter cara rabugenta ou falta de humor. Ele está falando de ser mortalmente sério! Em outras palavras, pare de brincar. O fim está próximo. Vá orar! Viva como pessoas que estão deixando esta terra!

Deus está chamando todos os cristãos: limpe o seu ato; limpe as suas conversas; circuncide os seus ouvidos; chegue às coisas do fim! Entre na Palavra! Volte ao lugar secreto de oração!

Vejo chegando um novo tipo de cristão, mais santo, mais dedicado, e mais forte no Senhor do que em toda a história! Quem é o santo do último dia? Ele vem de grande tribulação; ele se livrou da escravidão aos bens. Ele é sóbrio em um tempo de frivolidade e loucuras, tem fome e sede de Deus, rejeita totalmente os prazeres deste mundo e está disposto a sofrer por Cristo.