Aprendendo Através das Aflições!

O salmista escreve: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Salmo 119:71). Você pode ficar pensando, como eu fiquei - que tipo de teologia é essa? Seria realmente bom para mim ser afligido?

A palavra em hebraico para aflito aqui significa: “abatido, perturbado, diminuído, corrigido, desonrado, ofendido, humilhado, enfraquecido, rebaixado.” Quando se põe esse significado no versículo, de repente se lê: “Foi-me bom ter sido abatido, perturbado, diminuído, corrigido, desonrado, ofendido, humilhado, enfraquecido, rebaixado. E tudo com um propósito: para que eu aprendesse os decretos do Senhor!”

A palavra decretos neste verso quer dizer “lei entalhada.” O salmista está dizendo: “É bom que eu tenha passado por todas estas dificuldades - pois neste processo Deus foi entalhando Suas leis e Seus caminhos no meu coração.”

Bem, é verdade que o Senhor permite que as lutas surjam para nos testar. Mas este não é o objetivo principal ao permiti-las. Antes, nossas dificuldades e aflições vêm para nos ensinar a andar em justiça diante dEle. A Bíblia nos diz: “Muitas são as aflições do justo...” (Salmo 34:19). E, segundo o salmista, o objetivo de todas as nossas aflições é que aprendamos com elas.

Quero lhe dar um exemplo do que eu quero dizer com aprender através das aflições.

Há não muito tempo passei uma semana preparando um sermão intitulado “A Insignificância da Religião Americana.” A palavra insignificante quer dizer: “espírito mesquinho, corriqueiro.” Fiquei inflamado com esse sermão, pronto para fazê-lo explodir lá do púlpito.

Porém enquanto trabalhava na mensagem, recebi uma carta de um de nossos casais missionários, Roland e Heidi Baker. Eles tinham nos escrito a respeito da situação em Moçambique, para onde estão se preparando para mudar.

Moçambique foi relacionada pelas Nações Unidas como uma das nações mais pobres da terra. A situação tem se agravado pela guerra civil longa e sanguinária que há lá. A infra-estrutura do país foi destruída. Estradas, pontes, aldeias, escolas e hospitais foram destruídos por bombas. Pessoas foram selvagemente torturadas e mortas, e muitos milhões delas morreram no conflito. Milhões de outros fugiram como refugiados.

Mais de um milhão de minas de solo foram colocadas durante a guerra, resultando na maior porcentagem de aleijados e mutilados do mundo. Crianças e adultos tropeçam nas minas, e explodem, muitos sendo deixados com um só membro ou dois. Milhares de crianças morrem de malária. E um número incontável de pessoas é visto vagueando pelas aldeias enegrecidas e queimadas, andando nuas e morrendo de fome.

Há pouco Roland foi de camionete a esse país sofrido, com um grupo de cristãos da África do Sul. Levavam uma carga de suprimentos, e foi combinado de assistirem à uma reunião aquela noite, além da fronteira.

O carro ia rápido, pois sabiam que a fronteira fecharia às cinco horas. Mas à cerca de oito quilômetros dela, o carro começou a falhar e a ir lento. O motorista apertava o acelerador, mas a velocidade do veículo continuava diminuindo. Para tristeza do grupo, viram um carro que estava à frente deles, se afastar para longe.

Finalmente, chegaram à alfândega junto à fronteira cerca de dois minutos antes das cinco - e imediatamente o motor morreu. A camionete simplesmente não andava. Todos no carro começaram a pensar: “Senhor, porque permites que não assistamos à reunião?”

De repente, os guardas da fronteira começaram a correr, gritando nervosos. Poucos minutos depois aterrissou um helicóptero, e um oficial sul africano desceu. Roland se aproximou dele e perguntou o que estava acontecendo.

“Houve uma explosão do lado de lá da fronteira, aqui perto”, lhe disse o oficial.

“Bandidos de uma das facções em guerra explodiram um carro que tinha acabado de chegar.”

Disseram a Roland que os feridos e os mortos estavam sendo atendidos pelo helicóptero - e ele concluiu que estas pessoas é que conduziam o carro que estivera à frente deles. Se o carro de seu grupo estivesse funcionando direito, eles também teriam sido bombardeados.

Na manhã seguinte, o motorista do grupo de Roland ligou a chave da ignição - e o caminhão pegou na hora. Na verdade, ele funcionou otimamente bem o tempo todo em Moçambique.

Depois de ler toda esta descrição incrível - e o relato dos sofrimentos - pensei: “Como podemos nós, cristãos americanos, comparar nossas ‘aflições’ com as deste povo? Como colocar nossas mágoas e problemas financeiros ao lado deste sofrimento atroz? Nossos problemas parecem tão mesquinhos, corriqueiros.”

É verdade que perdemos o jeito toda vez que “a coisa encrenca” no trabalho. A gente grita: “Alguém andou falando mal de mim!”, “O patrão acabou comigo!” E achamos que o mundo acabou quando as contas do cartão de crédito começam a se acumular. “Nunca trabalhei tanto, e continuo afundando. Não dá para agüentar!”

Muitos crentes comentam sobre suas crises de depressão - do abatimento, da tristeza, da impossibilidade de acabar com essa sensação horrível. Porém, depois de ler a carta de Baker, pensei: “Como se pode comparar depressão com inanição, prisão, corpos mutilados, casas incendiadas, familiares assassinados?”

É claro que não se pode comparar. Muitas de nossas assim chamadas aflições podem corretamente serem chamadas de corriqueiras, ou mesquinhas. E me preparei para subir ao púlpito de nossa igreja, e abertamente pregar contra os cristãos que se concentram em seus problemas emocionais, ou mágoas pessoais. Eu queria atacar os que se dizem afligidos pela depressão, enquanto o resto do mundo sofre através de maneiras ignoradas pelos americanos.

Mas aí algo me aconteceu. Acordei um dia, e me deparei com algo muito estranho para mim: depressão! Uma melancolia profunda, negra, acabrunhante tinha me atingido. Ficava andando pelo apartamento pensando: “O que está havendo? Não há razão para isso.” Eu nunca havia sentido tanta tristeza, desgosto, medo e autocomiseração.

Segundo o dicionário Webster, essa melancolia é o “máximo da depressão.” É um temor tão profundo que lhe faz evitar fazer qualquer coisa, ir a qualquer lugar, encontrar qualquer pessoa, ou tomar qualquer decisão. Em resumo: é depressão pura e simples.

Resolvi tentar dar uma caminhada para acabar com isso. Então andei trinta e cinco quarteirões - mas só piorou. Disse para mim mesmo: “Senhor, o que está acontecendo? Quero pregar sobre o quanto a depressão é insignificante e mesquinha quando comparada aos problemas de Moçambique. No entanto, estou aqui caminhando, me concentrando totalmente na minha depressão!”

Ao voltar para o apartamento comecei a chorar e não conseguia parar. Eu não sabia porquê estava chorando, mas sabia que não era por motivo corriqueiro. Era vida ou morte! Bradei a Deus com o máximo de voz: “Oh, Senhor - que dor terrível. E não é insignificante em absoluto. Ajude-me, livre-me!”

Mas Deus não me livrou. E olhe, foi bom para mim - porque aprendi com isso!

Primeiro, aprendi que não podia subir no púlpito e ficar vergastando ninguém por causa de sua depressão - pois descobri que depressão não é algo banal. Em verdade, nem posso imaginar o quão dolorosa possa ser uma depressão clínica. Eu só havia experimentado por um dia o que muitos cristãos têm de suportar por semanas, meses, e até anos.

Também aprendi que nosso Pai celestial é atingido pelo que sentimos em nossas enfermidades, independente de qual seja ela. Seja fome, falta de teto ou depressão, tudo importa para Ele. Ele é um Senhor de compaixão interessado em Seus filhos. E está diretamente envolvido conosco, em nossa dor!

Compartilho com você algumas das outras lições que aprendi através das aflições:

Não importa o tipo de problema que você tenha. Simplesmente não dá para você destrinçar a coisa, na sua própria força.

O segredo para entender como Deus nos livra das aflições é estudar como Ele livrou Israel da escravidão. A Bíblia diz:

“Estas cousas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (I Coríntios 10:11). “Ora, estas cousas se tornaram exemplos para nós...” (verso 6).

Tudo que sucedeu a Israel - a escravidão, o sofrimento, a libertação do Egito - são testemunhos, padrões e exemplos para nós hoje. Na verdade, a libertação física de Israel representa a libertação espiritual que devemos ver.

Alguma vez você pensou por que Israel não se levantou em rebelião enquanto escravizado pelo faraó? Afinal, ele os forçava a produzir tijolos sem a palha; ordenava que seus feitores batessem neles. Por que Israel não resolveu por si fazer algo?

Eles certamente tinham os recursos para isso - especialmente depois das dez pragas, quando o Egito foi devastado, se debilitou e ficou gemente. Até o faraó admitiu: “...o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós” (Êxodo 1:9).

No entanto, Israel nunca se levantou em fúria, gritando: “Chega - acabou a escravidão! Vamos acabar com estas correntes odiosas.” A razão de Israel nunca haver se rebelado é que não conseguiriam fazê-lo. Foi Deus quem disse: “Desci a fim de livrá-los.” Era uma obra para Ele fazer por eles!

O Senhor disse a Moisés: “...vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; ...desci a fim de livrá-lo...” (Êxodo 3:7-8).

A palavra de Deus diz claramente aqui: “Conheço-lhe o sofrimento...” Amado, se isso não lhe dá conforto na aflição, então nada dará! O Senhor está dizendo: “Sei o que você está enfrentando, o que está sentindo. Mas essa batalha não é sua. O seu exator, o diabo, é muito para você. Por isso, desci a fim de livrá-lo!”

“...eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento.”

“Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas do Egito. E vos levarei...” (Êxodo 6: 6-8).

Você pode tentar o que quiser para se livrar - pode sonhar, planejar e manipular. Mas no fim, Deus diz: “Esta obra é minha!” “...não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos” (Jeremias 10:23).

Quando Davi foi contra o gigante, disse: “Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas vossas mãos’ (I Samuel 17:47).

As escrituras a seguir acrescentam: “...porém não havia espada na mão de Davi” (verso 50). Davi não fez a coisa por si próprio. Ele não disse: “Eu vou dar o máximo, e fazer isso na minha própria força.” Não - ele sabia que era batalha do Senhor!

Caminhamos para o fracasso em qualquer luta, a menos que creiamos que a batalha é do Senhor. Isso deve remover de nós toda a pressão. Porém, isso significaria que não participamos de nosso livramento? Claro que não! O nosso papel é confiar que Deus fará o que prometeu. E aqui está a chave para a nossa confiança nEle:

“...e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas...” (Êxodo 6:7).

O Senhor está nos dizendo: “Vocês leram como que milagrosamente salvei Israel. Eliminei Golias e mostrei que Eu era Deus, para Israel e para Davi. Mas quero ser Deus Todo-Poderoroso para você! Quero que você experimente meu maravilhoso livramento, para que possa testificar como eles fizeram. Sou o seu Deus - em sua hora de aflição!”

Deus sabe que nenhuma de suas aflições é insignificante. Lembro-me de uma manchete recente em um dos jornais de Nova York: “Amor Violento: Pai Atira no Filho Mais Velho para Salvar o Mais Novo das Drogas.”

Um pais de trinta e nove anos tinha um filho de vinte anos envolvido com drogas. Claramente, o mais velho estava levando seu irmão de dezesseis anos para fumar maconha. O pai, em desespero diante da situação, pegou um revolver e deu um tiro no peito e na boca do filho mais velho.

O homem imediatamente se trancou num quarto, falando de suicídio, com o filho sangrando no chão. O irmão mais jovem rapidamente entrou no quarto e salvou o pai de se matar.

Mais tarde, enquanto o filho mais velho se recuperava no hospital, ele se desculpou com o pai: “Foi preciso que isso acontecesse, para que eu pudesse despertar.”

Esse pai em desespero estava em terrível depressão pois havia perdido um filho para as drogas, e temia perder o outro. A depressão o levou ao ponto de dizer: “Não dá mais para agüentar!”

Isso não é insignificante. É questão de vida ou morte. Contudo, por favor não me entenda mal. O ponto não é que estava certo o pai balear o filho; isso seria absurdo.

Antes, quero dizer exatamente o oposto. Há real libertação somente no Senhor! Você não pode tirar a si próprio da depressão. Só Deus pode. E Ele deseja fazer isso para você!

Aqui está a lição número dois quanto a aprender de nossas aflições:

As aflições nos ensinam a dobrar os joelhos - para clamar ao Senhor em todos nossos problemas e dificuldades.

“No dia da minha angústia, procuro o Senhor...” (Salmo 77:2). “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo 119:67). “Ele (Manassés), angustiado, suplicou deveras ao Senhor, seu Deus, e muito se humilhou...” (2 Crônicas 33:12). “Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste” (Salmo 119:75).

No último versículo, Davi está dizendo: “Senhor, sei porque me afligistes. Vistes que quando tudo estava indo bem, me desviei, fiquei negligente. Então, permitistes que os problemas viessem sobre mim. Tu sabias que isso faria me ajoelhar, e voltar ao quebrantamento. A minha aflição é prova de Tua fidelidade para comigo!”

“...clamaram, e o seu clamor subiu a Deus” (Êxodo 2:23). O clamor de Israel moveu o coração de Deus. Na verdade, o Senhor é tocado toda vez que Seus filhos clamam a Ele na aflição.

Precisamos entender algo sobre o coração de Deus: Deus sofre quando nós sofremos! Ele sente a aflição conosco: “Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antigüidade” (Israel 63:9).

Toda vez que Israel era afligido, Deus se angustiava junto deles. Mesmo quando Israel pecou contra o Senhor e o sofrimento veio sobre eles, “...se angustiou a sua alma por causa da desgraça de Israel” (Isaías 63:9).

Conheço muitas pessoas que tiveram de combater terríveis escravidões em suas vidas: drogas, álcool, cigarros. A tentação do hábito cruel cria fúria a cada dia. Porém, digo a todos eles: Deus está atento! Ele conhece a luta que você está enfrentando. E só Ele tem o poder para lhe livrar. Em cada batalha Ele está lhe ensinando a correr para a cruz, a clamar por Ele!

O Senhor não fica o tempo todo pairando sobre você, dizendo: “Você está infeliz devido ao que fez. Você falhou comigo, e agora está pagando o preço. Vou ficar aqui sentado esperando até você sofrer bastante. Aí, então, vou lhe salvar.”

Não - você não serve a um Deus assim! Você serve a um Pai amoroso que sente sua dor, no momento em que você a sente. Não importa como você caiu nessa aflição, Deus sofre com você. Ele padece ao lhe ver tão abatido. E, mais do que nada, Ele deseja lhe salvar.

Você pode estar achando que Deus não lhe está ajudando em nada. Mas Ele ouviu seu clamor - e naquele exato instante, entrou em ação! Quero lhe provar isso: “E ouviu Deus o seu gemido, e lembrou-se Deus do seu concerto com Abraão, com Isaque, e com Jacó; E atentou Deus para os filhos de Israel, e conheceu-os Deus”. A palavra conheceu aqui significa, “Ele começou a agir.” Deus ouviu seu clamor e começou a agir em favor deles.

Assim que Moisés clamou a Deus no monte Horebe, Deus colocou fogo sobre o arbusto. O que estou querendo dizer aqui? É simplesmente que: toda vez que você se dobra sobre os joelhos, Deus imediatamente entra em ação! Israel não sabia disso, ainda não podiam ver - mas Deus havia assumido o encargo. Quando eles ainda estavam na escravidão, chorando, imaginando quando aquilo iria acabar - Deus já havia acionado o livramento deles. Ele estava em ação, levantando e preparando um libertador para Israel. Deus também lhe ouviu na primeira vez que você apelou a Ele. E começou a operar para seu livramento imediatamente. Na realidade, Sua resposta está sendo enviada a você agora mesmo: “Clamam os justos, e o Senhor os escuta e os livra de todas as suas tribulações” (Salmo 34:17).

Aqui está a lição três:

Deus havia dado a Moisés e a Israel sólidas promessas de libertação. Então Moisés foi até o povo com as boas novas, mostrando-lhes sinais. E as escrituras dizem que eles creram:

“Foram Moisés e Arão, e ajuntaram todos os anciãos dos filhos de Israel, e Arão falou todas as palavras que o Senhor havia dito a Moisés. Fez os sinais perante os olhos do povo, e o povo creu. E quando ouviram que o Senhor havia visitado os filhos de Israel e que tinha visto a sua aflição, inclinaram-se, e o adoraram” (Êxodo 4:29-31).

Foi uma ocasião de esperança, de alegria e adoração. Todo mundo gritava “Aleluia - finalmente estamos livres! Deus ouviu nosso clamor, e acabou com a nossa escravidão. Louvado seja Deus!”

Contudo, o que aconteceu a seguir? As coisas só pioraram! A escravidão de Israel se tornou totalmente insuportável. Não recebiam palha para confeccionar tijolos.

Agüentaram pesados espancamentos dos feitores. E o faraó se enfureceu com os líderes de Israel: “Saiam daqui. De volta ao trabalho!” Moisés não conseguia acreditar na terrível virada da situação. Ele clamou: “Deus, porque estais tratando teu povo desta maneira? Tu não nos libertastes. Em verdade, até piorou. Tu não guardastes Tua palavra. Nada que prometestes está acontecendo!” É preciso que se entenda: o diabo sabia que a libertação de Israel estava às portas. Então, você acha que ele iria ficar sentado e não fazer uma última tentativa de fazer o povo de Deus pecar? Não! Satanás disse para si: “Tenho pouco tempo - então vou lançar o inferno inteiro em cima deles! Vou enfurecer o faraó e dar chicotes aos que ordenam as tarefas. Vou derrubar estes israelitas de tanta pancada!” A piora da situação de Israel não era obra de Deus. Antes, era Satanás correndo furiosamente - apressando-se antes de chegar a hora da libertação. De igual modo, quando Satanás lhe vê dobrado sobre os joelhos, ele sabe que sua libertação está perto. E ele não fica sentado nos momentos finais antes da chegada da vitória! Em vez disso, ele vai intensificar as tentações. Irá inflamar as pessoas contra você. Enviará espíritos de mentira para lhe fazerem falsa acusação. Irá lhe mentir, dizendo que Deus retirou de você Seu Santo Espírito; que você está pagando por pecados passados. Vai lhe encher de todos os tipos de culpa e condenação. Então, é preciso entender: um diabo enfurecido se agitando contra você, é a maior prova de que a libertação está às portas! Então, se você orou, e as coisas foram piorando, comece a se alegrar - pois seu livramento está perto.

Moisés não sabia que exatamente no dia seguinte, o Senhor iria pôr as mãos nesse assunto: “Então disse o Senhor a Moisés: Agora verás o que hei de fazer a Faraó. Por causa da minha poderosa mão os deixará ir, por causa da minha poderosa mão os lançará fora da sua terra. Disse mais Deus a Moisés: Eu sou o Senhor” (Êxodo 6:1-2). Deus estava dizendo: “Não vou lhe decepcionar, Moisés. Lembre-se Quem Eu Sou. Sou o Senhor.”

Mas Israel estava muito abatido, muito esgotado para crer: “Deste modo falou Moisés aos filhos de Israel, mas eles não lhe deram ouvidos, por causa da angústia de espírito e da dura servidão”(verso 9). O povo estava morto por dentro. Havia desistido, dizendo: “Já sofremos muito para poder ouvir, Moisés. Não agüentamos mais nem mensagem de libertação.” Isso descreve você? Você já foi tão massacrado, que chegou no fim da linha? Na igreja, o sermão entra por um ouvido e sai pelo outro? Deus compreende sua situação, amado - e Ele é paciente. Ele sabia que breve Israel O veria tratando com os inimigos. E Ele lhe encoraja através de Sua palavra: “Agüente firme! Logo você Me verá em ação. Você será abençoado e favorecido, enquanto seus inimigos serão atormentados!” Há uma lição final a ser aprendida com nossas aflições:

Ouça esta profecia de Isaías: “Ó oprimida, arrojada com a tormenta e desconsolada! Eu te construirei com pedras de turquesa, e te fundarei sobre safiras. Farei os teus baluartes de rubis, as tuas portas de jóias brilhantes, e todos os teus muros de pedras preciosas. Todos os teus filhos serão ensinados do Senhor, e grande será a paz de teus filhos. Com retidão serás confirmada: A opressão estará longe de ti; já não temerás. O terror será removido; não chegará a ti” (Isaías 54:11-14).

Que profecia incrível! As “pedras preciosas” mencionadas no versículo 12 são jóias. E se você entende de jóias, então sabe que um diamante já foi um pedaço de carvão. Foi trabalhado durante anos através dos elementos. A palavra de Deus está lhe dizendo: “Suas aflições têm o objetivo de lhe transformar em algo belo - algo precioso para Mim!”

Os “baluartes de rubis” aqui mencionados são um tipo de quartzo, tornados transparentes pelo fogo. O aspecto de “baluartes” relaciona-se a olhos ou visão. Deus está dizendo que a confiança nEle durante suas aflições, lhe dará visão clara, discernimento. Permitirá que você veja o invisível - tão claro quanto o cristal! A maioria dos estudiosos crê que a expressão “portas de jóias brilhantes” se compreende melhor como “portas de pérola.” As pérolas são formadas de um grão de areia no interior da ostra. O grão é injetado com fluido, vai sendo ferido e irritado até que se transforme numa pérola.

Agora pense em todo os ferimentos, irritações e fricções de sua vida. Você está sendo polido de um jeito difícil. Contudo, o que Deus está produzindo? Ele está produzindo uma pérola! Toda pérola é uma lembrança de sofrimento, dor, fricção. Creio que Isaías fala sobre a beleza de Jesus Cristo nesta passagem. Em outras palavras: a aflição, quando se permite que ela complete sua obra, produz uma pessoa que faz refletir a beleza do caráter de Cristo. Nos torna mais e mais como Jesus.

Em Apocalipse 21, João descreve a cidade santa - ou seja, a igreja remanescente - tendo a glória de Deus: “O muro era construído de jaspe, e a cidade era de ouro puro, semelhante a vidro límpido. Os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda espécie de pedras preciosas.” “O primeiro fundamento era de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda; o quinto, de sardônica; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o décimo primeiro, de jacinto; o décimo segundo, de ametista.” “As doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma só pérola. A praça da cidade era de ouro puro, como vidro transparente” (Apocalipse 21: 18-21).

O que são todas estas pedras preciosas? São os aflitos de Deus - agitados pelas tempestades, não confortados pelos homens, mas provados pelo fogo, polidos pela fricção, libertos pela fé - um remanescente de jóias contritas, quebrantadas! Isaías profetizou sobre Cristo: “...Vede, assentei em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada...” (Isaías 28:16).O significado em grego aqui é: “pedra provada por sofrimento.”

As escrituras dizem que Jesus é uma pedra que foi provada. E nada pode ser edificado nesta pedra-fundamental senão outras pedras que foram provadas pelo fogo. Isso fala do caráter de Cristo. Todo brilho que emana de nós tem a ver com a resplandescente santidade de Jesus. E as únicas pessoas que conheço que manifestam o caráter de Jesus, são aquelas que sofreram.

O propósito de Deus é nos refinar; transformar-nos em jóias preciosas que irão adornar Sua cidade santa que desce dos céus. Nossos olhos devem ser límpidos, nosso viver deve ser transparente, sem pontos negros, sem confiança na carne - mas com apenas raios brilhantes e de santidade. Então, leiamos nosso versículo base de novo: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Salmo 119: 71). Será que você se alegra junto comigo com essas palavras agora? Aleluia!

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