Deus Não Se Esqueceu de Você

Há uma mensagem flamejante ardendo em meus ossos. Trata-se de uma mensagem que todo cristão precisa ouvir, especialmente nestes dias de tentações insuportáveis e de sofrimento atroz.

A mensagem que lhe trago do Senhor é simplesmente esta: Deus não se esqueceu de você! Ele sabe exatamente o ponto a que você chegou, o que está fazendo neste instante, e acompanha cada passo em seu caminho. Mas somos iguais aos filhos de Israel que duvidavam do cuidado diário que o Pai tinha por eles, apesar de que profetas foram enviados para entregar maravilhosas promessas dos céus.

O povo de Deus se assentava na escuridão, com fome e com sede, orando por livramento e consolo. Deus pesou todas as lágrimas, ouviu o seu clamor e respondeu: “Guardar-te-ei...não terão fome nem sede...O que deles se compadece os guiará e os conduzirá aos mananciais das águas...porque o Senhor consolou o seu povo e dos seus aflitos se compadece...” (Isaías 49). Será que Israel se rejubilou nestas promessas enviadas diretamente do trono de Deus? Será que o povo de Deus parou de ter medo e começou a confiar no Senhor para que se cumprissem? Será que os feridos e confusos creram em uma única palavra destas promessas? Não!

“Mas Sião diz:o Senhor me desamparou, o Senhor se esqueceu de mim” (Isaías 49:14). Não se tratava de ímpios ou dos filhos do diabo. Antes, tratava-se daqueles “que buscam o Senhor...os filhos de Abraão...que conhecem a justiça...em cujos corações habita a lei de Deus...” Será que Deus precisava deixar a Sua palavra ainda mais clara para estes filhos teimosos e incrédulos? Deus ficou muito inquieto pelo fato deles não estarem se apropriando de Suas promessas ou as ouvindo. Quase que dá para sentir a impaciência do Senhor ao repreender a incredulidade deles: “Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para que temas o homem...que te esqueces do Senhor, que te criou, que estendeu os céus e fundou a terra, e temes continuamente todo o dia o furor do tirano, que se prepara para destruir?...” (Isaías 51:12-13).

Será que isto soa familiar? Cá estamos hoje como filhos do mesmo Deus Santo, possuindo em nós a maravilhosa promessa do consolo do Espírito Santo; mesmo assim saímos todos os dias temendo o opressor. Conhecemos o que nosso Senhor nos prometeu: orientação, paz, abrigo do temporal, solução quando não parece existir solução, recursos para todas as necessidades, cura para todas as dores. Cremos em alguma destas coisas? Será que jogamos estas promessas em algum lugar da mente e prosseguimos em nossos caminhos, com preocupação, medo, e resolvendo nós mesmos as coisas? Temo que sim! E somos todos iguais. Ficamos tensos, sós e deprimidos, caímos em tentação, cedemos à luxúria; cometemos erros trágicos e vivemos em culpa e terror - e o tempo todo optamos por esquecer tudo que Deus nos prometeu. Esquecemos que servimos um Deus que lançou os fundamentos desta terra. Esquecemos que nosso Pai é onipotente, e que tudo que existe foi feito por Ele. Só enxergamos os nossos problemas. Os nossos medos bloqueiam a visão do Seu poder e da Sua glória. Nos apavoramos; entramos em pânico; questionamos; duvidamos.

Esquecemos, na hora da necessidade, que nosso Deus nos tem na palma de Suas mãos. Em vez disto, assim como os filhos de Israel, tememos nos complicar ainda mais e sermos destruídos pelo inimigo. Como deve ser difícil para nosso amoroso Pai entender porque não confiamos nEle quando estamos derrotados e enfrentamos necessidades. Ele deve pensar: “Será que não sabem que os gravei na palma das mãos? Não posso Me esquecer deles na hora da necessidade mais que uma mãe que amamenta, possa esquecer de seu filho...e mesmo que uma mãe se esqueça de seu filho, não Me esqueço de um sequer de meus filhos” (Isaías 49:15-16).

Vez após outra Deus foi a Israel pleiteando a confiança deles nas épocas de crise. “Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes” (Isaías 30:15). Deus lhes dizia: “Vocês não Me pediram, não oraram em busca de ajuda e orientação. Não aguardaram que os ajudasse. Não vieram a Mim em busca de auxílio e de força quando realmente estavam precisando. Não aceitaram o Meu conselho; não esperaram que Eu operasse; não esperaram aquela terna palavra que sussurra: ‘Eis o caminho: vá por ele’. Não creram que Meu braço forte pudesse os livrar. Não invocaram o Meu nome - que dá repouso à sombra de Minhas mãos. Não! Vocês mesmos resolveram tudo com as próprias mãos; dependeram de outros; confiaram em seu próprio raciocínio. Plantaram palha e se queimaram no próprio fogo.”

Finalmente, Deus parece gritar com Israel: “Buscai no livro do Senhor, e lede; nenhuma destas coisas falhará...porque a minha própria boca o ordenou...confortai as mãos fracas, e fortalecei os joelhos trementes. Dizei aos turbados (desalentados) de coração: Esforçai-vos, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará...e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Isaías 34:16, 35:3-10).

Parece-me que até no Novo Testamento ressoa o desprazer de Deus em relação à incredulidade: “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma cousa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos” (Tiago 1: 6-8).

Jesus se preocupava em quando retornar à terra, não encontrar fé. Ele tinha acabado de trazer uma mensagem a respeito da certeza de Deus responder às orações. Tinha acabado de prometer que o Pai celestial depressa fará “justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite”. Deve ter sido com um coração pesaroso que Jesus disse o seguinte: “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lucas 18:7-8).

Será que continuamos sofrendo - continuamos em pecado, continuamos vivendo em derrota e em fracasso - simplesmente porque na verdade não acreditamos que Deus ainda responda nossas orações?

Será que somos tão culpados quanto os filhos de Israel, pensando que Deus nos abandonou e nos deixou entregues aos nossos próprios métodos de resolver as coisas por nós mesmos? Será que realmente cremos no Senhor quando diz que Deus agirá na hora certa, em resposta à nossa oração de fé? A declaração de Jesus traz a implicação de que a maioria de nós, mesmo os chamados e escolhidos, não estará confiando nEle quando de Sua volta. Alguns no meio do povo de Deus, já perderam a confiança nEle. Não crêem, lá no fundo de suas almas, que as suas orações produzam qualquer diferença. Agem como se estivessem sós.

Em vez de nos submetermos ao Senhor em quieta confiança e descansar em Suas promessas, nos esforçamos tanto para arranjarmos nossas próprias soluções. E quando o nosso jeito de resolver as coisas vira uma tragédia, nos zangamos com Deus.

Uma jovem divorciada confessou: “Quase que saí para ficar bêbada hoje. Há um ano que oro pela volta do meu esposo, mas em vez de voltar para mim, ele arranjou outra mulher. Deus não respondeu à minha oração, então achei que deveria sair e encher a cara para Lhe mostrar como estou uma fera.” Que pena! Ela estava pronta a descarregar em cima de Deus porque Ele não respondeu a oração dela, à maneira dela, no horário dela. Como muitos outros que suplicam favores a Deus, ela queria só uma coisa: alívio para a solidão e libertação para sua energia sexual. Ela não queria mais de Jesus, mais santidade e caráter cristão. Não! Simplesmente desejava um homem ao seu lado. Imediatamente entendi que Deus não responderia à oração desta mulher. Ela não estava pronta para receber o marido de volta. Ainda era uma aleijada emocional, e iria encrencar tudo outra vez. Só restaria, então, um novo fracasso, e seu desespero seria acrescido. Deus não a havia abandonado; Ele estava na realidade sendo misericordioso com ela. Estava salvando sua vida, mas ela não conseguia enxergar isto.

Agora seja honesto! A sua fé ficou mais fraca ultimamente? Será que você quase desistiu de certas coisas em favor das quais já orou tanto? Cansou de esperar? Será que você jogou as mãos para cima, resignado, como a dizer: “Não adianta: eu não consigo. Não sei o que há de errado e por que a minha oração não é respondida. É claro que Deus disse não para mim.”

E todas as pessoas sós do mundo, que são consumidas pela solidão? E os jovens solteiros que ficam meses e até anos orando por um companheiro? Outros ficariam satisfeitos se Deus respondesse à sua oração e lhes desse simplesmente um amigo. Eles choram à noite. O telefone se transforma em sua linha da vida, e quando tudo fica insuportável, eles ligam para alguém - qualquer um - só para conversar um pouquinho. Será que Deus ainda responde a este tipo de prece? Você sabe, aquele tipo antigo de prece quando as garotas cristãs ainda ficam pedindo um marido cristão - e os meninos oram por uma esposa cristã? Será que Deus milagrosamente pode enviar para vidas solitárias os amigos, os companheiros, em resposta à oração e à fé? Eu ainda tenho que crer que Deus trabalha deste jeito. Contudo sei de um fato, após entrevistar centenas de pessoas solitárias: que só poucos deles crêem realmente nas promessas de Deus.

Mostre-me um filho de Deus só, sofrido, que coloca o caráter e o crescimento à frente das outras necessidades, e lhe mostro alguém que certamente será preenchido. Em vez de orar com fé, em vez de ler a palavra de Deus e crescer no poder, em vez de entregar o futuro a Seus cuidados - a maioria dos solitários fica vendo TV, lendo revistas vulgares, e se tornam espiritualmente entorpecidos. Sua fé é débil porque são aleijados espiritualmente. Só oram por curtos períodos. Ficam chafurdando na autocomiseração e na auto-condenação. Ficam atrofiados e sem fé, prontos para achar que Deus os escolheu no meio da multidão para os tratar mal. Deus não pode responder suas orações porque não estão prontos para a amizade e para o amor de verdade. Iriam complicar tudo em pouco tempo, porque incredulidade em relação a Deus sempre leva à instabilidade nas relações humanas! Digo o seguinte para as pessoas solitárias: volte para o lugar secreto! Volte para a fé simples, como a de uma criança! Comece a ansiar ardentemente por Jesus - mais do que por uma companhia. Deus irá, segundo a Sua própria palavra, cuidar de todas as suas necessidades.

Quase em todo lugar onde vou atualmente, ouço cristãos, até ministros, dizendo que algo falta em suas vidas. Um pastor amigo meu resumiu tudo assim: “David, começo a ter fome do Senhor. Meu espírito se quebranta; choro por horas. Sinto como se uma coisa em mim procure se expressar. Como algo prestes a nascer. Quero mais de Deus, e mais da vida. Quero ser santo. Quero conhecer a Deus e me chegar a Ele. Oro para que o que estou sentindo não se esvaeça, mas que cresça até que eu consiga. Mas, tristemente, em poucas semanas perco o meu espírito quebrantado. Volto aos meus antigos medos e à minha sequidão. Eu chego perto, mas não vou até o fim. Aí, me pergunto: o que aconteceu?”

Isto descreve o que você está passando? Está sentindo-se assim, fora, mas pertinho do portão, pronto para irromper em uma vida de alegria, fé, orações respondidas e vitória? Algo fica lhe condenando, como se você nunca faça o suficiente para agradar a Deus? Às vezes fica raciocinando: “Simplesmente não estou fazendo nada. Não tenho nada realizado. Não estou crescendo. Não estou apresentando progresso real”?

Sou da opinião de que em todos nós, um pouco abaixo da superfície, paira um pensamento terrível: “Oh Deus, me ajude, ou vou estragar tudo.” Nunca o dizemos, mas pensamos. “Deus, sou tão fraco, tão suscetível àquele pecado que me assedia, tão ignorante sobre vencer as tentações, tão confuso quanto à oração e como derrotar o diabo - tenho medo de fazer alguma besteira e estragar tudo.”

Qual o significado de orações não respondidas? da dor que continua? de o sofrimento persistir, e Deus parecer não estar fazendo nada em resposta à nossa fé? Muitas vezes o amor de Deus por nós nestas ocasiões é mais supremo do que nunca. A palavra diz, “Quem Deus ama, Ele corrige.” Uma correção de amor ganha prioridade sobre todo ato de fé, sobre toda oração, sobre toda promessa. Aquilo que aos meus olhos está me machucando, pode ser Ele me amando. Pode ser Sua mão gentil me corrigindo devido à minha teimosia e ao meu orgulho. Deus pode estar me dizendo: “Prometi atender à todas as suas necessidades. Lhe disse que faria tudo que Me pedisse em fé. É preciso que você submeta-se a este período de correção; é o único modo de o transformar em um experiente vaso de amor. Você pode pedir para se livrar disto, mas isto só vai atrasar o seu crescimento espiritual. Através deste sofrimento você aprenderá obediência, se submeter-se.”

Temos fé em nossa fé. Colocamos mais ênfase no poder de nossas preces do que em ganhar o Seu poder sobre nós. Queremos entender a Deus de modo que O possamos ler como a um livro. Não desejamos ser surpreendidos, nem nos espantar. E quando as coisas acontecem de modo contrário à nossa concepção de Deus, dizemos: “Isto não é de Deus; não é assim que Ele opera.”

Ficamos tão ocupados trabalhando em cima de Deus, que esquecemos que Ele está tentando trabalhar em nós. A vida é assim: Deus trabalhando em nós, tentando nos reconstruir como vasos de glória. Estamos tão ocupados orando para mudar as coisas, que temos pouco tempo para permitir que a oração nos mude. Deus não pôs a oração e a fé em nossas mãos, como se fossem duas ferramentas secretas através das quais um selecionado grupo de “experts” aprendesse a extrair com dificuldades algo dEle . Deus diz que está mais desejoso de dar, do que nós em receber. Por que usamos a oração e a fé como “chaves” ou ferramentas para destravarmos algo que jamais esteve lacrado? Tudo é dado livremente; se derrama sobre nós. Trata-se de um depósito com todas as portas e as janelas abertas, com um Pai que opera todos os dias, carregando-nos com Seus benefícios. Quando Jesus disse “Batei, e se vos abrirá”, referia-Se à sua porta, não à dEle. Derrube todas as suas próprias portas. Você não precisa de chave para entrar à Sua presença.

A oração não é para o benefício de Deus; mas para o nosso. Fé não é para o benefício dEle, mas para o nosso. Deus não é um caçoador eterno, divino. Ele não Se cercou de enigmas para que o homem desvendasse, como a dizer, “Os espertos conseguem.”

Estamos tão confusos neste assunto de oração e fé; temos tido a audácia de pensar em Deus como um “gênio” pessoal nosso, que satisfaz qualquer desejo. Achamos que a fé é um modo de enquadrar Deus em Suas promessas. Achamos que Deus Se agrada de nossos esforços de encostá-lO na parede e gritar: “Deus, Tu não podes voltar atrás em Tuas promessas. Eu quero aquilo que me está reservado. Estás obrigado por Tua palavra. Deves cumpri-la ou então Tua palavra não é a verdade.”

É por isto que perdemos o verdadeiro sentido da oração e da fé. Só vemos Deus como um doador, e nós recebedores. Mas a oração e a fé são as avenidas pelas quais nos tornamos doadores a Deus. Elas devem ser usadas, não como jeito de receber coisas de Deus, mas como uma maneira de dar a Deus aquilo através do que possamos agradá-lO.

Você quer a promessa ou o Criador da promessa? Você quer a resposta à oração ou quer Aquele que opera todas as coisas para o bem? Dá para você imaginar uma esposa que fica junto com o marido só pelos benefícios que colhe? Ela desfruta do prestígio do marido famoso, usando livremente seu nome para melhorar a posição pessoal. Aproveita todo o luxo que ele oferece; faz saques em seu cartão de crédito. E admite como garantido aquele que tanto lhe ama. Gasta pouco tempo com ele; se preocupa tanto com seu próprio conforto e seus próprios prazeres. Quanto tempo levará para que o mundo todo saiba que ela usa o esposo, que está mais interessada não tanto nele, mas no que ele dá? Amada noiva de Cristo: não é assim que tratamos o Mestre? Exigimos usar Seu cartão de crédito, mostrando tão pouco interesse em Seu amor.

Todas as promessas são dadas para que nos tornemos participantes dEle. Ele deseja pôr a Sua natureza divina em nossos frágeis corpos.

Creio eu serem minhas todas as promessas? Sim! Creio eu que Deus ainda responde as orações? Sim! Será que eu creio que Ele vai me consolar, me livrar, me dar as coisas necessárias para que eu seja livre e preenchido? Sim! Mas tudo que Deus faz em mim e para mim depende de uma coisa: preciso crer que Ele ouve quando O invoco, que pesa toda lágrima, que está mais interessado em dar do que eu em receber, que está mais ansioso para responder qualquer oração que me ajudará a ser mais como Ele, que jamais irá reter nada que eu precise, por um tempo maior do que eu possa suportar.

Deus não Se esqueceu de mim - nem de você! Mil vezes não! Ele neste instante, está desejando que creiamos que Ele está agindo para que todas as coisas cooperem para o nosso bem. Então pare de tentar compreender; pare de se preocupar; pare de duvidar do seu Deus! A resposta está chegando! Deus não trancou Seus ouvidos! Você colherá - na estação certa - se não esmorecer!

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