Esperança – Expectativa de Algo Bom

David Wilkerson

Ouve-se muito sobre esperança – seja através de políticos, de inúmeros livros, de tapes e outras mídias. Mas o que é oferecido em cada uma destas mensagens não parece durar.

Podemos nos sentir empolgados e encorajados pelo que ouvimos nas mensagens; em realidade, podemos nos ver renovados e esperançosos por um tempo. Mas o que é oferecido não se trata de uma esperança sólida, experimentada, e logo se esvai.

O mundo todo anseia por uma esperança inabalável. O grito interior de multidões de pessoas ao redor do globo nesse momento é “Alguém, em algum lugar, por favor, me dê alguma esperança, algo que perdure”.

Desejamos ardentemente ouvir alguém pregando uma mensagem de esperança que seja poderosa, e transforme vidas. Queremos uma mensagem que nos coloque acima dos medos e provações, algo que estabeleça nossos pés firmemente em cima de esperança inabalável.

Muitos livros maravilhosos foram escritos por pessoas que mantiveram a esperança em meio a tragédias e dificuldades horríveis. Seus testemunhos encorajam, elevando grandemente a nossa fé. Mas, novamente, a esperança se esvai toda vez que lutas sérias se levantam sobre as nossas vidas. Os sofrimentos que passamos chocam-se com qualquer esperança sólida que achávamos ter. Por quê?

A esperança não é uma emoção. Diga-me, quantas vezes você tinha expectativa de algo bom, e não deu certo? Quantas vezes sua esperança humana foi esmagada? Quantas vezes você se sentiu como o apóstolo Paulo, que disse ao enfrentar um furacão, “Fugiu-nos toda a esperança de nos salvarmos” (Atos 27:20)?

Paulo nos diz que o mundo não tem esperança

Paulo escreve à igreja de Tessalônica, “Não vos entristeçais, como os demais [o mundo], que não têm esperança” (I Tessalonicenses 4:13).

Em contraste, nós como povo de Deus “nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta. Temos essa consolação como âncora da alma, segura e firme” (Hebreus 6:18-19). Assim somos exortados: “Desejamos que cada um de vós mostre o mesmo zelo até o fim, para completa certeza da esperança” (6:11).

Igualmente, Paulo ora, “Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz na vossa crença, para que abundeis na esperança pelo poder do Espírito Santo” (Romanos 15:13, itálicos meus).

De acordo com Paulo, quando se chega ao assunto da esperança, a obra do Espírito Santo precisa estar envolvida. Então, como abundamos na esperança, como Paulo ora que façamos? Como nos jubilamos na esperança? E como obtemos a total segurança dela?

Uma semente de esperança é plantada na salvação, claro. Mas é preciso haver um amadurecimento da esperança em nosso caminhar com Jesus.

Paulo nos delineia o caminho para a esperança genuína

O livro de Hebreus diz que temos uma esperança que serve “como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu” (Hebreus 6:19).

Em resumo, o caminho para a esperança começa nós estando plenamente assegurados de estarmos certos com Deus. Estamos falando da segurança de que temos paz com Deus. E Paulo expõe esta segurança declarando “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1).

O autor de um antigo e famoso hino da igreja diz, “Minha esperança está construída sobre nada menos do que o sangue e a justiça de Jesus”.

Na verdade, paz é isso: crer na promessa divina de que através da fé no sangue derramado por Cristo, Ele me considera (julga) justo e reto. Ele faz isso apesar de que não sou perfeito. E a justiça dEle é conferida a mim não por algum bem que eu tenha feito. É tudo pela fé.

O fato é que você não pode ter uma paz estabelecida, uma esperança genuína, enquanto não deixar de vacilar quanto à sua aceitação em Cristo. Essa aceitação está baseada não naquilo que sua carne o acusa de ser, ou naquilo que o Diabo o acusa de ser. Está baseada unicamente naquilo que Deus vê o que você é em Cristo.

Paulo confirma a nossa posição correta com Deus através de Cristo:

“Pois se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem agora alcançamos a reconciliação” (Romanos 5:10-11).

Não obstante, o nosso coração nos condena quando caímos

Apesar de que o nosso coração nos condena, João diz, “Se, porém, alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (I João 2:1). Vou dar um exemplo disso na própria vida de Jesus.

Um dia antes de Cristo ser crucificado, Ele lava os pés dos discípulos, e diz a esses homens tão imperfeitos “Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés; no mais está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos” (João 13:10).

Pode-se perguntar “Como Jesus poderia dizer que estes discípulos estavam ‘limpos’?”. Qualquer observador eventual diante da cena ficaria admirado com a afirmação de Jesus. Os onze homens com quem Ele falou já haviam demonstrado orgulho, incredulidade, egoísmo, ambição, cobiça, inconsistência, espírito de vingança.

O fato é que Cristo fez essa declaração a respeito deles porque Ele os havia escolhido. Ele os colocara no caminho da santidade. E tudo isso pela graça!

Jesus também sabia o que estava no coração dos discípulos - apesar da extrema imperfeição deles. E mais, Ele via à frente o momento de quebrantamento e contrição no qual eles estavam prestes a entrar. O testemunho do próprio Senhor é esse: “É para este que olharei: para o humilde e contrito de espírito, e que treme diante da minha palavra” (Isaías 66:2).

Digamos que eu peça que você liste todos os pecados que estes discípulos haviam cometido. Creio que eu poderia confidencialmente dizer que você e eu temos sido culpados de todos os mesmos pecados durante certas épocas na vida. Mas Jesus tem a resposta para todos nós: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1).

O caminho para a esperança leva à “tribulação e muitas aflições”

O caminho para a esperança é um caminho de sofrimento, provações e dores. Não importa o quão piedoso, amoroso ou bom você seja. Se Cristo está em você, se tornará coparticipante dos Seus sofrimentos.

“Mas alegrai-vos no fato de sedes participantes das aflições de Cristo” (I Pedro 4:13, itálicos meus). Pedro nos diz de maneira simples, “Alegre-se no seu sofrimento”. E Paulo diz algo similar: “Alegre-se na esperança da glória de Deus”.

Alegrar-se no sofrimento? Esta é uma das palavras duras das escrituras, em verdade, uma das mais duras. Mas Paulo vai ainda mais adiante:

“Não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações” (Romanos 5:3, itálicos meus). Paulo não está falando aqui de um brado de exclamação que devamos dar a despeito da tribulação. Antes, o que ele está descrevendo é simplesmente sermos capazes de ver Jesus em nossa tribulação. Apesar de nossos medos humanos muito reais, apesar de a situação parecer totalmente desesperadora, podemos ainda dizer, “Deus proverá um caminho”.

Claro que pode ser dito, “Inexiste caminho para uma esperança ‘amadurecida’”

Alguns cristãos podem alegar, “O caminho da esperança é simplesmente esse: minha esperança descansa no ‘Cristo em mim, a esperança da glória’” (v. Colossenses 1:27).

Muito verdade. Mas se Jesus está em nós, Ele vai nos levar ao caminho que Paulo descreve. Veja, o Espírito Santo deseja que a nossa esperança seja mais que uma frase teológica. Tem de ser uma esperança firme, com alicerce seguro por baixo. Resumindo, a nossa esperança deve ser “Cristo em nós, operando em nós”.

Eis o roteiro que Paulo nos dá:

Primeiro, há confiança total em estarmos justificados pelo sangue de Cristo (Romanos 5:1).

Segundo, esta própria confiança estabelece a paz em nossas almas (5:1).

Terceiro, temos confiança de que temos acesso ao trono de Deus. Isso significa invocarmos cada vez mais o Senhor com oração “na qual estamos” (5:2).

Quarto, começamos a nos regozijar na glória do paraíso que nos aguarda. “Gloriamo-nos na esperança da glória”.

Quinto, nos gloriamos nas tribulações. Uma coisa é se alegrar na esperança dos céus; outra coisa inteiramente diferente é se alegrar nas tribulações. E essa noção de se glorificar nas tribulações é impossível para a mente humana. Torna-se possível somente ao que creem naquilo que a palavra de Deus diz a respeito do sofrimento: que Cristo está agindo em nós em meio a toda tribulação.

Paulo explica o caminho desta maneira: “A tribulação produz a paciência. E a paciência a experiência, e a experiência a esperança” (Romanos 5:3-4). Você entendeu? A tribulação promove a paciência. A paciência fornece experiência. E a experiência fornece esperança.

Quero agora falar sobre como a experiência fornece esperança

Deus usa o Seu povo para distribuir esperança.

Quando eu pessoalmente preciso de esperança, então quero falar com alguém que eu conheça, alguém que tenha experiência em suportar a tribulação e a dor. Não quero alguém que irá me oferecer chavões ocos, como, “Aguenta firme”, “Apenas confie em Deus”. A minha alma em sofrimento não consegue ser mexida ou tocada por palavras infundadas de comiseração humana.

Antes, eu gostaria de conversar por meia hora com o crente que me enviou e-mail recentemente dizendo ter de assistir sua esposa morrer lentamente da doença de Lou Gehrig. Este homem descreve para mim a profundidade da sua dor, e diz, “Deus é bom. Ele está cuidando de mim”.

Eu também adoraria conversar com a senhora cristã na Indonésia que tem sofrido dor física há anos, suportando uma operação após outra em vão. Apesar do sofrimento contínuo, ela louva Deus e Lhe dá glória em todas as coisas. Esta é uma pessoa que tem tanto a paciência quanto a experiência no sofrimento que opera esperança.

Minha fé e esperança são grandemente encorajadas por amigos, que são veteranos na luta espiritual

Tenho testemunhado as muitas tribulações destes fiéis amigos. E sei de seu sofrimento e dores no momento presente. Quando ligo para eles e pergunto como estão, eu antes já sei a resposta que virá, e ela me traz grande esperança.

Eles não dão uma resposta falsa. São totalmente honestos quando dizem, “David, estou sofrendo de verdade. Às vezes a dor me vence. Sofro tanto que chego às lágrimas”.

Tais santos estão suportando o fogo das aflições. Mesmo assim sempre vem deles uma palavra tranquilizadora: “Deus está me cuidando. Sei que Ele é fiel. E confio nEle. Sei que Ele está comigo”.

Quase toda vez que falo com eles, estes vencedores têm uma palavra para mim. É uma palavra muito real e robusta, algo que Deus lhes mostrou na profundidade de seu sofrimento. Sua fé inflexível durante o sofrimento edifica a minha própria fé em meio à provação.

Ao encontrar a firme fé destes santos, o Santo Espírito fica me recordando de Deuteronômio 8:2-3:

“Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos... Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem”.

Repito estas palavras ao longo dos meus dias: “Eu vivo de toda palavra que procede da boca de Deus”

Se não se puder confiar na palavra de Deus – se a Bíblia não for a mui inspirada palavra de Deus – então a vida é em vão. Não haveria esperança na face da terra.

Quando estas palavras de Deuteronômio chegaram a Israel, a situação no deserto havia se tornado muito assustadora para eles. Deus havia permitido que eles experimentassem a agonia da fome e da sede. E agora da própria boca do Senhor ouvimos estas palavras: “Eu te humilhei. Permiti que você tivesse fome e sede. Tudo porque Eu buscava te fazer saber que você pode confiar em Mim. Você pode viver em cima das Minhas promessas”.

Deus não deixaria o Seu povo morrer de fome ou de sede. Ele sabia exatamente o que faria para livrá-los. Então, é ainda mais trágico que ninguém exceto Josué e Calebe tomasse posição e permanecesse em fé, “Mesmo morrendo, continuarei lutando”. “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Job 13:15). “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6:68).

Amado, Deus tem um plano para a sua libertação

O nosso Senhor sabe como livrar o aflito.

Oh, como precisamos do Espírito Santo para nos guiar e consolar nos tempos difíceis. Sem a presença dEle, sem Sua orientação, Seu derramamento de força diariamente, nenhum de nós conseguiria ir em frente. Não há determinação humana, nem resolução da mente que possa sobreviver às diárias provações que suportamos no caminho.

Diariamente, precisamos nos lançar sobre a revelada palavra de Deus e confiar que o Espírito Santo a fará se tornar vida para nós. “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro da sua boca, o exército deles... Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Salmo 33:6.9).

Se Deus criou todas as coisas com a Sua palavra e sopro, não irá Ele, em Seu tempo, falar e comunicar esperança a você na provação? Ele sabe exatamente como lhe levar essa esperança real e duradoura, segura e firme.

Encerro com esta palavra: “Descansa no Senhor e espera nele” (Salmo 37:7). Possa Deus fazer a sua experiência se tornar esperança e vida para você. Amém!