Eu Estarei Com a Tua Boca...

Deus se encontrou com Moisés junto à sarça ardente, e lhe conferiu um mandato para tirar Israel da escravidão. Ele diz ao Seu servo:

“De fato tenho visto a aflição do meu povo, que está no Egito...Por isso desci para livrá-lo ...e eu te enviarei a Faraó para que tires do Egito o meu povo...” (Êxodo 3: 7-10).

“Então disse Moisés ao Senhor: Ah! Senhor! eu nunca fui eloqüente, nem antes nem depois que falaste ao teu servo... Disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, agora; eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar...” (Êxodo 4: 10-12).

Mas Moisés persistiu. “Mande outra pessoa!”

Aqui, como Moisés, é onde a maioria dos ungidos de Deus cai. Nós, também, limitamos Deus nesta área: o controle da nossa boca.

Inúmeras vezes Deus provou Seu poder a Moisés; mostrou a este homem amedrontado que Ele podia transformar a água em sangue; fazer com que pragas cobrissem a terra do Egito; abrir o Mar Vermelho simplesmente levantando uma vara. Porém, não cria que Deus poderia “estar com a sua boca” e lhe orientar a fala. Ele cria nos milagres que viu - mas não cria no poder de Deus sobre a sua língua!

Teimoso, Moisés suplica: “Ah! Senhor! Envia aquele que hás de enviar...” (Ex. 4:13). Deus ficou irritado com tamanha falta de fé, “...se acendeu a ira do Senhor contra Moisés ...” (Ex. 4:14). Ele finalmente concede a permissão para que Arão, irmão de Moisés seja o porta-voz:

“Eu serei com a tua boca, e com a dele, ensinando-vos o que haveis de fazer..” (Ex. 4:15).

Moisés sentia que possuía boas razões para duvidar da promessa de Deus. O quanto ele sabia das suas próprias fraquezas! Ele confessa ser “incircunciso de lábios” (Ex. 6:12). Ao final, ficou provado que este foi o único motivo de ele ter ficado fora da Terra Prometida. Uma língua indomável! Ele manteve lábios fracos até a morte. O salmista diz: “...sucedeu mal a Moisés... que falou imprudentemente com seus lábios...” (Salmo 106:32-33).

Que advertência poderosa para os nossos dias! Eis aqui um grande homem de Deus, um homem de milagres e poder, um homem que verdadeiramente conhecia Deus. Ele teve só uma falha. Mas era uma falha tão grande que irritou a Deus, e lançou uma sombra sobre tudo que ele fez. Foi registrado para o nosso benefício. Deus espera que aprendamos com a falta de fé de Moisés.

Esse não é um princípio só do Velho Testamento. Mateus relata que Jesus enviou Seus discípulos como ovelhas entre lobos. Foram avisados a esperar oposição e perseguição - mas não tiveram medo, porque junto com a ordem para divulgar o evangelho, havia uma promessa de que Ele seria “a sua boca...”

“Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como, ou o que haveis de falar. Naquela mesma hora vos será concedido o que haveis de dizer, pois não sois vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós...” (Mateus 10:19,20).

Eles não deveriam pregar o evangelho, nem responder aos críticos, com suas próprias palavras! Foram prometidas palavras sobrenaturais! Palavras espirituais, vindas de lábios direcionados pelo Espírito!

Há outro incidente espetacular no Novo Testamento quando o Espírito esteve “com a boca dos discípulos”. No dia de Pentecostes, lhes “foi concedido o que haveriam de dizer.” Pois não foram eles que falaram, mas “...o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:4). Em outras palavras, o Espírito assumiu o total controle de suas bocas, tal que não disseram nem uma palavra com exceção do que Ele queria que fosse dito. E Ele queria que uma única coisa fosse dita:

“...falar das grandezas de Deus” (Atos 2:11).

As línguas estranhas não constituíam o centro do Pentecostes. Antes, o centro do Pentecostes era a visão milagrosa de 120 santos, plenos de Deus, descobrindo que Deus estava “em suas bocas”. Era a glória dos discípulos de Cristo experimentando o êxtase, não das línguas, mas do Espírito do Pai falando através deles.

O Espírito poderia ter falado com línguas velhas ou novas, com a língua dos homens ou dos anjos, com línguas conhecidas ou desconhecidas - não estava aí a importância do Pentecostes. Não era a língua que Ele falou, mas como Ele falou - usando os lábios dos santos reunidos! O meu coração brada: “Que Ele fale o que Lhe apraz! Quero apenas experimentar a divina glória de saber que Ele tem o controle da minha língua!”

“...(a língua) entre nossos membros. Ela contamina todo o corpo...” (Tiago 3:6).

Não há essa coisa de “saiu sem querer”. Nenhuma palavra sai inocentemente. O próprio Cristo diz que nossas palavras transbordam dos nossos corações. Ele não diz que a boca fala algo vindo lá dos últimos resquícios da carne, mas sim, “do que há em abundância no coração”! O que dizemos não é acidental - mas previsível!

Isso é sério! Você e eu podemos pensar que estamos cheios da bondade e do amor de Deus. Podemos pensar que quando falamos mal de alguém, é acidental. Mas Deus nos diz que isso foi falado porque estava o tempo todo em nosso coração. Tiago diz que todo tipo de briga, todo tipo de inveja é resultado direto de guerra no coração! Esta guerra pode ser definida como “espírito para luta ou contenda.” Mexericos, inveja, dissensão, amargura, rebeldia - tudo isso é o transbordamento do “espírito para luta”. E se originam no coração!

É impossível que um crente dirigido pelo Espírito fale qualquer coisa senão bondade, misericórdia, e justiça. Tão impossível quanto figueiras produzindo azeitonas; ou videiras dando figos; ou água salgada e doce saindo da mesma fonte. A Bíblia não diz que a água salgada e a água doce não devem vir da mesma fonte - ela diz que é impossível!

Estas palavras devem se apossar de nós! Devemos reconhecer que não podemos andar no Espírito, sermos cheios do Espírito, e ao mesmo tempo proferirmos palavras de impiedade. Se assim for, ainda seremos como o ímpio que “...trama o mal, e nos seus lábios se acha como que um fogo ardente...” (Prov. 16:27).

Nem por um instante pense que os discípulos no dia de Pentecostes falaram sob a influência do Espírito só quando tocados por êxtase, ou intensa emoção. Não! A partir daquele dia falaram palavras edificantes - santificadas, puras. Paulo diz que ao descobrir Cristo,

“...vos despojeis do velho homem que se corrompe...deixai a mentira...falai a verdade...com o seu próximo... Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação...para que beneficie aos que a ouvem...” (Efésios 4:20-29).

Paulo não diz que uma língua incontida é uma fraqueza que devemos tentar conquistar, ou uma fraqueza da carne que devemos suportar. Ele diz que ela é indesculpável sob toda e qualquer circunstância!

“As palavras do Senhor são puras, como prata refinada em forno de barro, purificada sete vezes” (Salmo 12:6). “As palavras dos puros...são aprazíveis” (Prov.15:26). “são...doçura para a alma e saúde para os ossos” (Prov.16:24).

Por que as palavras de Jesus têm tanto poder? Por que as pessoas diziam, “Ele fala diferente de todos os outros - com autoridade!”? Porque, de acordo com o que Ele mesmo confessou:

“As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras...” (João 14:10).

Essas palavras santificadas são parte da herança que Jesus deixou aos Seus seguidores:

“Pois lhes dei as palavras que tu me deste...” (João 17:8).

Não estaremos caminhando na luz dessa verdade gloriosa - o Senhor não estará “com a nossa boca” - até que todos que nos cercam também possam dizer: “Ele fala como ninguém fala! Eis uma pessoa que só fala palavras que glorificam a Deus!”

Quando nos entregamos ao Espírito, Ele nos leva a falar somente palavras vindas do Pai. Inexistirá luta, guerra. Só precisa haver um coração submisso, desejoso de ser disciplinado pelo Espírito Santo nesta área.

O pecado não confessado polui a língua do cristão. Todo pastor ou crente que alberga pecado secreto no coração, não tem o que dizer a pessoa alguma! Toda palavra que fala é em vão. Palavras podem verter de uma alma de duas caras, e parecerem sinceras. Podem soar piedosas. Podem ser totalmente bíblicas. Mas não terão significado se o vaso está sujo, pois o pecado esvazia a autoridade das palavras.

O que conta não é se suas palavras são inteligentes, ou bem aplicadas ou enérgicas. O que importa na verdade é o quanto elas são puras! Só palavras puras doam saúde. Jesus diz:

“O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más” (Mateus12:35).

Eis um pensamento para nos levar à sobriedade: qualquer palavra frívola que proferirmos será notada no dia do juízo!

“Mas eu vos digo que de toda palavra frívola que os homens proferirem hão de dar conta no dia do juízo” (Mateus 12:36).

A raiz da palavra frívola é: “sem nenhum propósito, para nada, vazia, inútil, ineficaz, irrelevante”. Isso é mais do que as brincadeiras que todos proferimos no passar do dia. Isso tem a ver com testemunho ineficaz. Aconselhamento irrelevante. Pregação que não leva à nada. Palavras que nada fazem para ajudar o reino de Deus.

Deus nos ajude a levar esse assunto a sério, e a começarmos a atentarmos para o que falamos! Estou pedindo que o Espírito Santo coloque em mim o temor de Deus no tocante à minha boca - minhas palavras - tal que eu coloque um vigia nos lábios, e fale com cuidado. Não só na presença dos outros, mas até na minha intimidade - quando estiver só.

Isso soa complicado? Legalista? Impossível? Eis a parte boa!

Deus está prestes a levantar uma nova geração de corações e de lábios puros. Para falar novamente ao mundo, Ele precisa de lábios puros. Então Ele está trazendo de volta o Seu povo à uma visão gloriosa da Sua santidade aterradora. Como Isaías, o povo de Deus está se conscientizando de quão corruptos temos nos tornado, desviados, de língua solta e indisciplinados.

“Então disse eu: Ai de mim, que vou perecendo! porque eu sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios...e os meus olhos viram o rei...” (Isaías 9:5).

Devo confessar que tenho experimentado, de um jeito muito real, o terror sobre o qual Isaías fala. Tenho ganhado uma nova visão do santificado senhorio do Salvador! E quanto mais clara fica a visão, mais me conscientizo da pecaminosidade ainda existente em minha vida - a língua incontida, os lábios incircuncisos. Se um santo profeta de Deus como Isaías confessa que seus lábios eram impuros, onde ficamos você e eu? Nas últimas semanas Deus tem me levado à Sua sala, e me batido forte porque com freqüência tenho falado de modo imprudente.

Deus disse a Moisés: “Nenhum homem pode pode ver a minha face, e viver!” (Êxodo 33:20). Isaías O viu e gritou: “Estou acabado...destruído! O velho Isaías morreu” (v. 6:1-3).

Cá está a pista - “Ver o Senhor, e morrer!” Que o seu velho eu se desmanche na fumaça. Um sacrifício. Quando você O vê como Senhor, morre! Mas isso é só o começo. A partir daí, você ingressa na vida ressurrecta!

Veja a beleza do Senhor com a boca de Isaías a partir daquele momento:

“Mas um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar ...tocou a minha boca, e disse: Vê, isto tocou os teus lábios, e a tua iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado...Depois...ouvi a voz do Senhor, que dizia:..Vai, e dize...” (6:6-9).

Somos convidados a desistir de lutar para fazer ou dizer a coisa certa, em nossa própria força e poder. De nós requer-se que morramos pela fé, que ressuscitemos pela fé, que sejamos santos e aceitáveis pela fé - e que vivamos e falemos pela fé, como santos comprados pelo sangue. O Espírito promete circuncidar os nossos corações e lábios, para que possamos dizer as palavras do Pai, como Cristo disse.

Marque bem isso: nem daqui a um milhão de anos Cristo poderá vir estar com a sua boca, em função de qualquer coisa que você possa fazer! Vá em frente. Faça promessas. Diga a Deus que você jamais irá mentir, ou fazer mexericos, ou ser invejoso, ou dizer alguma coisa frívola ou tola. Mortifique-se. Vá fundo na disciplina. Diga para si: “Daqui para frente toda palavra que eu disser glorificará a Deus.” Mas você estará condenado ao fracasso e ao desespero se achar que força de vontade, ou determinação vão lhe levar a isso. Eu já entrei nesse jogo - e não funciona!

Não! Mil vezes não! Somos purificados pela fé! Nosso querer humano deverá ser corrigido, para que possamos obedecer Sua Palavra.

Durante todo o tempo em que Deus estava colocando esta mensagem em minha alma, ardendo na minha mente a necessidade de ter lábios circuncisos e um coração puro- eu tinha uma convicção crescente de que o Espírito estava me levando à uma gloriosa verdade profética para estes dias do fim. Eu sabia que tinha de ser mais do que apenas uma lição sobre o falar puro.

Por que uma nova purificação em nossos corações e lábios? Por que uma visão renovada de santidade no coração, língua, lábios e boca? Deus me mostrou o porquê.

Os nossos lábios são o canal através do qual o Espírito deve fluir! Deus está prestes a restaurar Sião e o tabernáculo de Davi. Ele o fará através de um poderoso transbordamento do Espírito: um vigoroso rio de águas vivas para curar, purificar, e restaurar. O rio fluirá de dentro do corpo de Cristo existente aqui na terra, do coração do Seu povo! Deus não necessita invocar um poder místico desconhecido - tudo que Ele precisa já está disponível. A fonte existe; a água existe: um oceano sem fim!

Falta só uma coisa: o Espírito não pode fluir livremente em poder e força até que tudo esteja pronto. A origem da fonte (que é onde a nossa carne extrai o fluir do Espírito) deve ser imaculada. Sem pureza - não há fluir! O canal deve estar limpo, e pronto - os detritos têm de estar removidos; os canais têm de estar profundos. O que são os canais? São a língua, os lábios e a boca consagradas dos santos purificados!

No momento exato que o Espírito completar essa obra, nada restará a ser feito; nada mais se deverá ativar, nada mais se deverá acionar. Todo poder preso levará a água viva a “jorrar” a vontade. Será um “poço de águas vivas, a jorrar...” Na leitura original: “a saltar”.

Imagine - será como que um poço de petróleo, do poder do Espírito Santo! O Espírito Santo vai saltar de dentro de nós; um rio fluirá de todo canal livre. Um rio será acrescido a outro rio, um riacho será acrescido a outro, e as águas crescerão mais do que qualquer coisa já testemunhada pelo homem. Então experimentaremos o derramamento dos últimos dias que Deus prometeu - um derramamento do alto, que se origina em nosso interior!

A pergunta agora é: devo orar para ter lábios circuncisos para estar transparente no dia do Juízo, será que desejo ser um canal para este derramamento dos últimos dias? Será que quero ir além do perdão - e ser usado?

Para mim, a resposta é óbvia. Quero que o Espírito Santo venha “à minha boca” e me prepare para ser um rio que jorre o Seu amor - que flua através de mim para o mundo! Quem ousaria impedir este rio? Quem ousaria não dar importância a esse assunto? O julgamento para qualquer pessoa que atrapalhar esse fluxo não pode sequer ser imaginado - ou seja, seria negar aos outros a cura que deveria brotar de nossos próprios lábios.

É tão importante ter o Espírito fluindo através de nós. E não só para os outros. Bebemos daquilo que flui de nós mesmos; é água viva para nós também. Tudo de que necessitamos está neste rio: cura, revelação de Cristo, sabedoria e conhecimento espirituais, paz de espírito, esperança, alegria - tudo que é necessário para produzir todo tipo de fruto.

Tiago diz: “Pode a fonte jorrar do mesmo manancial água doce e água amargosa?” Mas você pode parar no, “Pode a fonte jorrar...?” Ela não pode em absoluto jorrar - enquanto não estiver aberta.

Você quer que a sua fonte se abra? Você anseia pelo fluir do Espírito através de si, consagrando a sua língua? É simples, veja:

Abandone todo pecado que lhe assedia;

Coloque-se na esfera da reverência piedosa;

Confesse a sua fraqueza e a sua fragilidade;

Pela fé, visualize o sangue de Cristo correndo pela nascente, através dos canais, atravessando as portas dos seus lábios e removendo todo impedimento.

Então - experimentará a doce água que se origina dentro de você.

Então - o Espírito fluirá!.

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