O Pecado de se Misturar

Quantas igrejas você conhece que estão inundadas pela impressionante presença de Jesus Cristo? Onde os crentes estejam aterrados e reverentes, reunidos em silêncio santo. Onde ninguém ousa ser irreverente ou fútil. Onde os cânticos são tão preenchidos pela presença de Cristo, que os pecadores choram. Onde o desviado e o ímpio ficam tão infelizes que correm para o altar, ou pela porta afora. Onde o pregador é tão ungido que seu rosto parece brilhar com glória sobrenatural, e suas palavras possuem poder para convencer.

Quantos cristãos você conhece que vivem na gloriosa vitória proveniente de se gastar muito tempo na presença de Jesus? Quem você conhece que é estimulante se ficar por perto, pois se pode sentir vitória e paz neles? Onde estão aqueles que se alegram em derrubar fortalezas, jogar por terra imaginações vãs - em vitória contra a luxúria e a paixão - que encontraram e se apropriaram do braço forte do Senhor para suas dores, problemas e ansiedades?

Quão poucas igrejas, quão poucos pastores e quão poucos cristãos estão vivos e vibrantes com o poder da presença de Cristo?

Por que? Porque esta geração de cristãos é culpada pelo pecado de se misturar! Temos bloqueado a presença real de Cristo porque não queremos mais ser um povo separado. Queremos nos misturar. Não queremos ser diferentes.

Misturar significa “se combinar ou fundir em uma só massa, de modo que as características individuais desapareçam”. É a mescla de dois elementos, fazendo com que percam sua singularidade individual, e assumam um caráter novo e particular.

Isto não descreve exatamente o que está ocorrendo hoje na cristandade? O povo de Deus deseja se fundir e mesclar - e rapidamente perde seu caráter único, diferente e especial. Perde o caráter de Deus, e assume o caráter do mundo.

Ele escolheu revelar-Se através de Israel - se eles quisessem evitar o pecado da mistura:

“Pois tu és um povo santo ao Senhor teu Deus. O Senhor teu Deus te escolheu (chamou) para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra” (Deuteronômio 7:6).

Moisés sabia que só havia uma coisa que os tornava especial, ou diferentes, de todos os outros povos da terra. Não era porque tinham valor em si, ou eram santos. Era a presença de Deus revelada em seu meio! Somente eles possuíam a real presença do Deus Todo Poderoso.

“Respondeu-lhe o Senhor: A minha presença irá contigo...Então Moisés lhe disse: Se a tua presença não for conosco, não nos faça subir deste lugar. Como se saberá que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares conosco, de modo que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra?” (Êxodo 33: 14-16).

Esta é a prova conclusiva de que o povo de Deus é especial e diferente devido à efetiva presença do Senhor em seu meio! Remova a Sua presença, e não há diferença do resto do mundo eclesiástico. Qualquer igreja ou povo pode se vangloriar de ser cheio do Espírito e do evangelho pleno - mas se não houver a esmagadora presença de Cristo agindo em seu meio, serão tão comuns quanto qualquer outra igreja morta e seca. Somos especiais, diferentes, somente quando a presença de Cristo está em plena revelação em nosso meio.

Deus avisou Israel de que qualquer mistura com o mundo O levaria a retirar Sua presença, e Ele os rejeitaria como canal especial de revelação. Foram ordenados a tratar sem misericórdia o espírito ímpio e pagão do seu tempo:

“...as ferir (nações), totalmente as destruirás. Não farás com elas concerto, nem terás piedade delas, nem te aparentarás com elas...pois fariam desviar...de mim...” (Deuteronômio 7: 2-4).

Josué também preveniu os filhos de Deus -

“...elas (nações) vos serão por laço e rede, açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais nesta boa terra que vos deu o Senhor vosso Deus” (Josué 23:13).

Os avisos de Josué são necessários hoje igualmente. Para mim, isto explica muito do sofrimento e da dor nas vidas de alguns cristãos. Pense nisso - aflições e espinhos que se alastram enormemente, causados pela afinidade com o mundo; resultado direto do pecado de se misturar.

Israel amava se misturar! O povo de Deus estava determinado a remover tudo que os tornava diferente do resto do mundo. Desprezavam a idéia de serem separados. Queriam coisas, como o resto do mundo. Queriam liberdade sexual, como o resto do mundo. Queriam paquerar, se entregar ao adultério e ainda assim cobrir o altar com lágrimas; queriam a lascívia, a paixão, a imoralidade, a pornografia, a fornicação, e os ídolos - do resto do mundo. Então, rejeitaram Seu mandamento para serem separados e especiais para Ele. Pecaram, se tornaram orgulhosos e vis, fundiram imagens fundidas e adoraram os exércitos do céu - para praticar o mal aos olhos de Deus, “como os ímpios”.

“Pelo que o Senhor rejeitou a toda a descendência de Israel, e os afligiu, e os entregou nas mãos dos despojadores, até que os expulsou da sua presença” (2 Reis 17:20).

Não havia necessidade de Israel procurar terapeutas, aconselhamento espiritual, ou profetas - para descobrir o porquê de estar tão incomodado ou cheio de desespero. Eles sabiam porque estavam sendo afligidos. Sabiam porque os problemas estavam se acumulando: a presença do Senhor os havia deixado! Deus rejeitou-os como canal de Sua presença e os entregou aos despojadores!

É claro que nem todos os que sofrem, foram rejeitados como canais da presença de Cristo. Muitos estão enfermos e sofrem, porque como Davi, Deus está procurando revelar mais da Sua presença ao sofredor, ou aos que estão perto dele. Mas aqui o contexto fala de um povo vivendo em tormento mental e espiritual por rejeitar o seu lugar em Deus.

Jeremias pergunta a Israel: “Por que acham que o Senhor Deus fez todas estas coisas para vocês?” E então lhes dá a resposta: “Por que me provocaram à ira com as suas imagens de escultura, com vaidades estranhas?” (Jeremias 8:19). Ou seja, “porque vocês abandonaram o Senhor e se misturaram aos mundanos e ímpios”. Deus falou ao povo através do profeta, dizendo: “Não me temereis? diz o Senhor. Não temereis diante de mim...Mas este povo é de coração rebelde e obstinado...Não dizem no seu coração: Temamos ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, a temporã e a tardia, a seu tempo, e nos conserva as semanas determinadas da sega. As vossas iniquidades desviam estas coisas, e os vossos pecados afastam de vós o bem” (Jeremias 5:22-25).

Ouça a denúncia de Deus contra os que se misturam:

“Tornaram-se gordos e nédios. Os seus feitos malignos não têm limites...” (Jeremias 5:28).

Israel se lamentou porque: “As tuas santas cidades se tornaram em deserto; até Sião é um deserto, Jerusalém está assolada...”(Isaías 64: 9-12).

E declarou: “Ninguém há que invoque o teu nome, que desperte, e te detenha; pois escondeste de nós o teu rosto, e nos consumistes por causa das nossas iniquidades” (Isaías 64:7).

Isso foi falta de misericórdia da parte de Deus? Inexistiu graça para eles? Oh, ouça o clamor amoroso que Deus lhes fez:

“Estendi as mãos o dia todo a um povo rebelde, que caminha por caminho que não é bom, após os seus próprios pensamentos” (Isaías 65:2).

Isaías prossegue descrevendo o resultado desta mistura. Eles começaram “...sacrificando (a ídolos)...”, povo que “come carne de porco”, “queimando incenso sobre altares de tijolos...” Israel havia se misturado, perdido seu caráter único, e assumido o caráter e a identidade do mundo! Então Deus escondeu deles o Seu rosto, rejeitou seu novo caráter, e retirou Sua presença.

Será que somos tão cegos a ponto de não vermos o que Deus está mostrando no Velho Testamento? Será que dá para ficar mais claro que Deus não vai aceitar a nossa mistura com os ímpios, com os impuros? Qual o porquê de um sacerdócio tão separado, no Velho Testamento? É nos dar um exemplo da firme determinação de Deus em Se revelar através de um povo santo, puro, e separado.

  • “Não beberás vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais. Estatuto perpétuo será isso pelas vossas gerações...”
  • “para que possais discernir entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo...” (Levítico 10: 9,10).
  • “Sereis para mim santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos para serdes meus...” (Levítico 20:26).

Eis a mensagem especial do Velho Testamento: um povo especial, á parte, separado e diferente, que iria cuidar da causa de Deus na terra, através da manifestação de Sua presença!

Esdras pergunta ao povo:

“...tornaremos s violar os teus mandamentos e a aparentar-nos com os povos destas abominações?...até de todo nos consumires, até não haver restante nem alguém que escapasse?...”

“O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se separaram dos povos de outras terras com suas abominações...”

“...se misturou a linhagem santa com os povos dessas terras...” (Esdras 9: 1-14).

Não há nada no Velho Testamento tão forte quanto as advertências de Paulo contra a afinidade com o mundo:

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis. Pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuário do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.”

“Pelo que saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor. Não toqueis nada imundo, e eu vos receberei. E serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Corintios 6: 14-18).

No Velho Testamento, quando Deus quis revelar o poder da Sua presença diante dos egípcios ímpios, Ele primeiro traçou uma linha de separação, dividindo as pessoas em Goshen, do resto do Egito.

“Mas o Senhor fará distinção entre...Israel e...Egito...enviarei...pragas sobre o teu coração...para que saibas que não há outro como eu em toda a terra” (Êxodo 9: 4,14).

Deus quer que o mundo veja a diferença entre o Seu povo, que O ama, e o resto do mundo incrédulo. Quer que sejamos o exemplo de um povo liberto e vitorioso, confiante em Seu braço forte para nos livrar de todo dano e mal.

A demonstração da aterrorizante presença de Deus em ação no meio do Seu povo, golpeou o coração do faraó, convencendo-o fortemente. “Então, Faraó mandou chamar Moisés e a Arão e lhes disse: Esta vez pequei...eu e o meu povo somos ímpios” (Êxodo 9:27).

As razões para se separar do mundo (Egito) hoje são as mesmas. Deus está mais uma vez traçando uma linha entre o Seu povo e o mundo de perdição, para que essa geração possa saber que não há ninguém como Ele, em toda a terra, que possa libertar. Os ímpios desta era precisam de uma manifestação ainda maior da presença do Senhor; nenhuma outra coisa vai lhes chamar a atenção. Mais nada vai lhes golpear com a convicção do pecado. O Espírito Santo tem sido derramado, para que toda a carne possa ficar debaixo do poder da presença de Cristo - e ser convencida do pecado, da justiça, e do juízo!

Tudo que está misturado com o mundo, jamais pode ser de Deus. Nunca pode ser um canal da presença real de Cristo. O nosso Senhor vai escrever “Ichabod” na casa de todo ministro que está levedado com o espírito e os métodos deste século. Vai queimar e derrubar todo ministro do evangelho que olha para Sodoma. Vai retirar a Sua presença de todo crente confesso que anseia pelos prazeres e seduções deste mundo. Ficarão áridos, vazios e confusos. Ele não pode - Ele não irá confiar Sua Presença Santa a alguém que não esteja separado inteiramente deste mundo e entregue a Ele.

Servos desobedientes não serão capazes de enfrentar o diabo e a derrocada moral destes tempos do fim. Perderão de uma vez por todas o toque de Deus, e apesar de que alguns serão salvos, serão considerados indignos de unção. Se você é “deste mundo”, não é do mundo dEle! Jesus disse:

“...eu não sou deste mundo...” (João 8:23).

Falando dos seus discípulos verdadeiros, disse: “Eles não são do mundo, como também eu não sou” (João 17:16). De novo: “...dele (do mundo) vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (João 15:19).

Você entende realmente o que Jesus está nos dizendo? “Coloquei uma diferença entre vocês e o mundo. Eles vão lhes odiar devido à minha presença em vocês.” Se isso é verdade, por que estamos tentando nos aconchegar ao mundo? Por que misturamos a música deles com a nossa? Por que buscamos a boa vontade deles? Por que abrimos mão dos nossos princípios morais para que os do mundo fiquem à vontade? Por que buscamos o seu aplauso ou sua bênção? Nós não somos deste mundo! Devemos aceitar a nossa diferença, e deixar de tentar ser como eles.

O mundo ama a si próprio - mas não somos dele.

Deus, ajude-nos a alegremente aceitar nossa natureza de separação e diferença, e abandonar o mundo. Só aqueles que verdadeiramente não estão misturados com o mundo, estando separados para Cristo, têm algum poder para salvá-lo!

“Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (I João 2:15).

O Pai ama os perdidos. O cristão que se mistura, ou o ministério que se mistura, não conhece e nem compartilha deste amor pelos não salvos. O amor do Pai pelos perdidos não está neles. O cristão que se mistura traz desonra à cruz de Cristo, pois Ele se entregou para que nos pudesse livrar deste mundo mau; como poderemos ter parte nele?

O Espírito Santo está agora mesmo convocando os verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, separando-os - purificando-os, peneirando, preparando-os como um povo especial para trazer de volta a Sua gloriosa presença para abalar a terra. Um povo crucificado para o mundo! Pronto para combater os principados e potestades das trevas, e toda corrupção espiritual nas regiões celestiais.

Há uma única e triste alternativa para os que se misturam com o mundo:

“Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4).

Nestes últimos dias, os amigos e inimigos de Deus serão determinados segundo estejam ou não se misturando, ou separados.

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