O Protesto De Um Homem Honesto!

Recebi uma carta de um irmão em Cristo o qual provavelmente alegaria ser um homem muito honesto. No entanto, havia amargura nas palavras que ele me enviou:

"Irmão Wilkerson, o que aconteceu com o senhor? O senhor costumava pregar contra o pecado com muito poder. Mas creio que ultimamente está havendo flexibilidade da sua parte quanto ao pecado. A sua recente mensagem a respeito do Jubileu concede licença para que as pessoas pequem. O senhor está oferecendo conforto para aqueles que fazem concessões, em vez de condená-los!"

"Volte a pregar a santidade! Eu não cometo pecado, e não tenho pecado na minha vida. Ninguém precisa cometer pecados." Ele continua por vários parágrafos falando sobre a falta de reprovação na minha pregação.

Por favor, entenda: se há algo de que eu tenho muito medo como pregador, é que os meus sermões possam condenar os justos, e confortar os maus. Tremo ao ler estas palavras: "O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, abomináveis são para o Senhor, tanto um como o outro" (Prov. 17:15).

Creio que qualquer verdadeiro ministro de Deus que pregue um evangelho puro, irá mostrar às pessoas os seus maus caminhos. Ele vai apontar o pecado para que seja mostrada a diferença entre o santo e o profano. Com gratidão, creio que o Senhor tem me ajudado a fazer isto.

Mas eu seria desonesto - um fariseu legalista - se também não pregasse as riquezas da misericórdia e da longanimidade de Deus para com os seus filhos que lutam contra o pecado!

Você provavelmente está muito familiarizado com esta história. Falo a respeito da parábola do filho pródigo - e, em particular, do auto-justificado irmão mais velho do filho pródigo.

Nesta parábola, o pai obviamente representa Deus. Porém, também creio que os dois filhos representem dois tipos de filhos do pai. Na verdade, eles têm relacionamentos muito diferentes quanto ao seu pai. E, em minha opinião, a maioria dos cristãos cai em uma destas duas categorias de filhos. (Explico isto mais, ao prosseguir).

A história começa quando o filho mais jovem reclama a sua parte na herança da família, junto ao seu pai. O pai aquiesce - e quando o filho recebe sua parte, ele parte para "...uma terra longínqua..." (Lucas 15:13).

Claro que, ao dar esta porção de riquezas, o pai não se tornou nem um pouco mais pobre. Pelo contrário, o que ele cedeu ao filho era um "sinal" - uma quantia símbolo de tudo que possuía. E creio que a herança do filho representa as ricas bênçãos que recebemos de nosso Pai celestial - bênçãos de misericórdia, de graça e compaixão.

Bem, o que eu vou dizer agora pode lhe chocar - mas creio que este filho mais jovem representa todo um grupo de cristãos que eu denomino de "Clube do Abençoe-me." Como o pródigo, eles chegam até Deus reclamando os seus direitos em relação à todas as riquezas do Seu reino. Eles exigem cada uma das bênçãos que Deus prometeu, clamando: "Abençoe-me, Senhor; faça-me prosperar! Derrame sobre minha vida toda a Sua misericórdia e toda a Sua graça. Desejo tudo aquilo a que tenho direito". Em poucas palavras, eles desejam formar um "cofre secreto" de bênçãos, acumulando tudo o que podem.

Tudo isto está certo - exceto pelo fato de que tais crentes freqüentemente não têm nenhum desejo de andar intimamente com o Senhor. Só querem as bênçãos que vêm com a vida cristã. Na maioria dos casos, a intimidade com o Senhor não está contida em sua teologia. Não querem ouvir falar a respeito do custo e do sacrifício da comunhão com Ele ou do andar em obediência à Sua palavra.

Isso é exatamente o que sucedeu com o pródigo. Acredito que este jovem tenha começado com boas intenções. Aparentemente ele havia trabalhado lado a lado com o seu pai durante alguns anos antes de se decidir a partir. E ao longo deste tempo ele deve ter tido a esperança de investir o seu dinheiro, se tornar um sucesso e deixar o seu pai orgulhoso dele.

Em realidade, ele era igual a muitos jovens seguidores de Cristo. Eles se alegram em sua recém encontrada riqueza no tocante à verdade e à liberdade, e se definem: "O Senhor fez tanto por mim - e eu desejo permanecer sempre junto a Ele. Serei um vencedor!"

No entanto, como tem acontecido com tanta freqüência, os seus corações não se encontram totalmente determinados a terem uma relação duradoura com o Pai. Como o pródigo, o mundanismo ainda os prende - um desejo pelos prazeres desta vida. E, lentamente, isto começa a sufocar toda sua intimidade com o Pai. Finalmente, vão ao Senhor apenas para solicitar bênçãos - para as poderem usar em suas cobiças mundanas!

A atitude do pródigo ilustra aquilo que é conhecido como "graça fácil." Paulo escreve: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum!... E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei e sim da graça? De modo nenhum!" (Rom. 6:1-2,15).

Este jovem tentou "guardar no cofre" todas as riquezas que recebeu de seu pai. Convenceu a si próprio: "Agora estou seguro. Já recebi de meu pai tudo aquilo que precisava". Mas como ele estava enganado!

Todas as semanas, multidões de pródigos vão à igreja, sentam-se nos bancos, cantam no coro, dão aulas na Escola Dominical. Eles são os filhos de Deus no Novo Testamento, os quais foram "...feitos herança..." (Ef. 1:11) e são "...idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz" (Colos. 1:12). Receberam o que a Bíblia chama "...o penhor da nossa herança..." (Ef. 1:14).

Mas o que acontece quando, semana após semana, estes crentes ouvem as mensagens sobre as ternas misericórdias de Deus - a Sua gratuita abundância de graça, a justificação dEle para com estes, Sua aceitação para com eles através de Cristo? Lentamente, estes cristãos começam a acumular sobre si próprios o penhor da sua herança. E eles se gloriam nele, dizendo: "Não é maravilhoso que Deus me ama? Quando eu falho Ele me perdoa e me deixa tão livre!"

Na Igreja de Times Square pregamos sobre todas estas coisas - a misericórdia, a compaixão, a ternura e a bondade de Deus para conosco, a Sua justificação e a Sua santificação para nós, a nossa aceitação junto a Ele em Seu Filho. Todas estas doutrinas estão centradas na graça de Deus para conosco através de Jesus Cristo. Mas o que acontece conosco quando tentamos acumular esta rica herança?

Veja o que aconteceu com o pródigo: assim que ele se locupletou com as riquezas de seu pai, as chamas começaram a fazer um buraco em seu bolso. E logo ele resolveu se voltar para o mundo para satisfazer a cobiça do seu coração. Disse para si: "A minha bênção vai durar por muito tempo!"

Amado, estou convencido de que há muito cristãos que não conseguem conduzir as bênçãos da graça! Eles se glorificam na mensagem do perdão imerecido da parte de Deus - enchendo suas mentes com todas passagens bíblicas que descrevem a Sua misericórdia e a Sua compaixão. Amam ouvir a mensagem do pastor que vai em busca da ovelha perdida, porque ela lhes traz grande conforto. Contudo, assim que eles acumulam toda a verdade rica, gloriosa, a respeito da graça de Deus para com eles, as chamas começam a fazer um buraco na sua bolsa da carne. E isto se transforma para eles em licença para pecar!

Foi assim que o filho pródigo usou erradamente a sua herança. Ele gastou as riquezas de seu pai em festas, na jogatina, embebedando-se, dormindo com prostitutas. Noite após noite ele esbanjou as suas bênçãos, caindo mais e mais profundamente no pecado. Mesmo assim, cada manhã quando se levantava, ele se livrava de toda condenação, e se consolava voltando para o seu "cofre secreto". Ele dizia para si: "Ainda tenho riquezas sobrando. Posso cuidar de tudo!"

Semelhantemente ao filho pródigo, muitos cristãos de hoje se inclinam para lugares de prazeres proibidos, buscando gastar suas riquezas com uma vida desregrada. A sua lascívia os leva para a cama da fornicação, a experimentar a cocaína, para o homossexualismo, à pornografia, para o álcool e outras drogas. Porém, em seu pecado, eles continuamente se auto-consolam dizendo: "A graça de Deus é mais do que suficiente para mim! Ele possui mais do que aquilo que eu necessito. Ele me amará não importa o que eu faça na carne. As Suas misericórdias duram para sempre!"

Não! A graça de Deus jamais foi programada para ser pervertida e desperdiçada. Na realidade, foi programada para ter exatamente o efeito oposto. Paulo escreve: "...a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente" (Tito 2:11-12). A graça de Deus nos ensina piedade, justiça, e um temor santo do Senhor!

Toda vez que desperdiçamos a graça de Deus, acabamos em total miséria em nosso corpo, alma e espírito. Já não possuímos o Pão do céu para alimento. E nos vemos dentro de um chiqueiro espiritual - famintos, com nossas almas premidas pela fome.

Lucas escreve, "Depois de ter consumido tudo, sobreveio aquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada" (Lucas 15:14-16).

Já vi este tipo de fome entre os cristãos. No passado, apresentavam um maravilhoso testemunho da graça e da misericórdia. Mas agora, devido ao pecado, eles se transformaram em esqueletos espirituais - sem nenhum tipo de vida!

Guarde na mente: o pai do filho pródigo ainda possuía todas as riquezas que o seu filho algum dia poderia necessitar. Não importava a maneira errada pela qual este rapaz desperdiçara a sua herança; o seu pai estava cheio até as bordas com riqueza e provisão. Porém, o retorno para o seu pai - o retorno para gozar novamente do fluir das riquezas espirituais e da graça - exigiu do filho uma conscientização. Lucas escreve:

"Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores" (Lucas 15:17-19).

O moço teve de admitir: "Pensando bem, eu não consigo cuidar bem destas bênçãos. Eu não sou páreo para a minha lascívia! Pequei contra Deus e contra a minha família. Esbanjei tudo que me foi dado!"

É preciso que se entenda: o arrependimento é mais do que apenas fazer um retorno e voltar para Deus. É a total submissão do autocontrole; uma volta para Deus, com esta confissão: "Senhor, transformei a minha vida em uma tragédia. Eu simplesmente não consigo cuidar corretamente dela. E agora, venho humildemente até Ti, pedindo que assumas o controle. Por favor, governe a minha vida!" Quando o filho pródigo disse, "Trata-me com a um dos teus trabalhadores", ele estava confessando, "Pai, não consigo ser o meu próprio senhor. Cansei das desgraças que produzi em minha vida! Quero receber as ordens de Ti, como os Teus servos fazem. Tu, governe a minha vida; digas o que devo fazer e como fazê-lo, e obedecerei alegremente!"

É aí que Deus começa uma obra muito especial de restauração. É aí que a festa começa!

"E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos" (Lucas 15:20-23).

O novilho morto nesta história representa o Cordeiro de Deus morto - o que significa redenção, alegria e júbilo! Quando o pródigo voltou, houve celebração - uma festividade maravilhosa e feliz em torno do glorioso Cordeiro.

E que não haja mal-entendidos: ao retornar, o filho teve os seus direitos restaurados dentro da casa de seu pai - não como servo, mas como filho! Ele quis submeter-se a seu pai, e se colocar sob o governo dele; alem disto, desejava intimidade junto a este. Ele havia perdido todo o interesse nas coisas do mundo, e estava pronto a agir de acordo com os mandamentos de seu pai.

Que maravilhosa cena de restauração total!

"Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar..." (vs. 25-28).

Este irmão mais velho então se zangou. Afinal de contas, ele havia servido a seu pai diligentemente durante anos, sem nunca transgredir nenhum mandamento. Ele era justo diante da lei, e havia se mantido impecavelmente puro.

No entanto, ao olhar com cuidado através daquela janela, este filho mais velho contemplou a maior visão da graça dada à humanidade: o pai abraçava o filho arrependido, perdido. O pai não fez perguntas; não fez sermão. Em vez disto, vestiu o seu filho com um traje novo e lhe restaurou o seu status antigo: uma posição de pleno favorecimento e de bênção. E a seguir, trouxe-o para a festa - para a celebração do cordeiro!

A visão que o irmão mais velho recebeu foi a de que qualquer pessoa pode se arrepender, não importa quão baixo seja o seu pecado - se ele simplesmente renuncia ao governo de sua própria vida e retorna para o Pai. Isto é reconciliação genuína, vinda do próprio coração de Deus.

Mesmo assim, o irmão mais velho protestou contra tudo isto. Recusou-se a ir à festa. Por que? Ele não quis tomar parte naquilo que ele achava ser uma graça fácil! Disse para si:

"O meu irmão quebrou todos os mandamentos; trouxe desgraça para o nosso pai. Ele não pode se livrar disso assim tão facilmente! Durante anos eu trabalhei com obediência. Eu labutei, suei, e com zelo trabalhei bem. Porém, na hora em que o meu irmão pecador sai rastejando de um chiqueiro, ele recebe as boas vindas de um herói. Isto não está certo. Quem não tem pecado sou eu, não o meu irmão!"

É típico da mente legalista protestar contra um derramamento generoso de graça sobre um desviado que volta. Muitos cristãos, quando sentados na igreja ao lado de um viciado em drogas ou de um alcoólatra, pensam: "Graças a Deus eu nunca pequei assim. Ele pode cair amanhã outra vez. Vou ficar longe até eu ter certeza de que a sua volta é genuína."

Porém, as Escrituras dizem que este tipo de orgulho é mais mortal do que qualquer vício: "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia" (I Cor. 10:12).

A verdade é que, quando o pródigo avistou o seu irmão mais velho lhe fechando a cara pela janela, ele provavelmente pensou: "Oh, irmão: se você soubesse o quanto eu lhe admiro! Você sempre demonstrou diligência, disciplina, fidelidade. Você jamais partiu e pecou como eu fiz. Você possui um testemunho melhor. E a minha vida inteira eu terei de viver com a lembrança de ter trazido vergonha sobre o bom nome da nossa família".

"Sei que não mereço nada desta acolhida. Na realidade, é você que deveria estar aqui no meu lugar. Como eu gostaria de ter comunhão com você!"

Este é o clamor de um coração verdadeiramente arrependido e humilhado!

Ambos os irmãos eram igualmente pecaminosos. Usar erradamente a graça - desperdiçar, perverter e trazer menosprezo para ela - é errado. E compreender erradamente a graça - não apreciá-la ou negá-la para os outros - é igualmente errado.

O filho mais jovem não havia entendido o propósito da graça - que é o de crescer para a maturidade da santidade. Mas o mais velho, que protestou, nunca conheceu o coração do seu pai. Ele sempre havia buscado ganhar o amor dele obedecendo e trabalhando. Ele não conseguia aceitar que o papai sempre o amara incondicionalmente, à parte das suas boas obras. A verdade era que o seu pai o amava simplesmente porque ele havia nascido dele - osso do seu osso, carne da sua carne.

"...saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado" (Lucas 15: 28-30).

O filho mais velho dizia a seu pai: "Não estou com vontade de festejar - eu não me sinto feliz como o senhor - porque estou carregando um fardo! Todos estes anos eu trabalhei tão duro para lhe agradar, porém o senhor nunca me mostrou este tipo de amor. Eu não sinto o seu amor por mim, pai!"

Isto resume a raiz do problema da parte do filho que protestava: ele achava que havia ganho, através das boas obras, aquilo que seu irmão mais novo havia recebido através da gratuidade da graça!

Todo legalista tem dificuldades em colocar de lado as obras da sua carne. Por que? A nossa carne deseja operar para Deus! Desejamos ser capazes de dizer: "Eu mereci a minha paz no Senhor. Jejuei, orei, fiz tudo para conquistar a vitória. Trabalhei duro - e agora eu finalmente consegui!"

Se formos honestos, veremos que a nossa carne sempre protesta contra a dependência no Senhor. Não desejamos depender da Sua misericórdia e da Sua graça, e nem crer que se simplesmente formos até Ele em arrependimento e em fé, Ele nos lavará e deixará limpos. Não queremos admitir que só Ele pode nos dar poder, sabedoria e autoridade para vivermos como vencedores.

De maneira alguma eu deveria amar os meus filhos com base nas coisas que eles fazem comigo.E de maneira alguma eles devem competir pelo meu amor fazendo alguma coisa para me agradar. Eu digo, como qualquer pai: "Amo igual todos os meus filhos - simplesmente porque eles são minha carne e sangue!"

Toda obediência se transforma em trapos de imundície - em pecado fétido - todas as vezes que confiamos nela como mérito para aceitação por parte de Deus. Toda vez que ela suplanta a graça, torna-se sem valor.

Contudo, o protesto que se ouve aqui e ali é: "Você aceita muito facilmente o pecado! Onde está a penetrante denúncia contra o pecado do homem? Onde está a exposição da lei para mostrar o erro? Ele pode cair facilmente outra vez. Faça-o demonstrar o seu arrependimento! Não houve tempo para ele aprender a santidade, aprender a obedecer os mandamentos de Deus, o sacrifício."

Algumas das pessoas mais amargas e condenatórias que eu conheço são cristãos que dizem exatamente isto. Há poucos anos, uma igreja recepcionou um pastor russo que havia passado anos na prisão devido à sua fé. Ao observá-lo durante o nosso culto, notei que ele estava sempre franzindo as sobrancelhas.

Após o culto, lhe perguntei: "Aconteceu algo de errado?" Ele respondeu: "Não entendo como vocês aqui sentem-se no direito de bater palmas e serem felizes. Vocês não estiveram numa prisão. Vocês não pagaram o preço. A única maneira de se chegar à vitória é através daquele tipo de sofrimento".

Não - isto não está nas Escrituras! Chegamos à alegria do Senhor através de Sua graça não merecida. Qualquer coisa menos que isto é um barateamento do sacrifício de Jesus sobre a cruz!

Precisamos ter cuidado para não fazermos o protesto do irmão mais velho, o homem honesto. É um protesto da justiça dos homens - e é um mau cheiro junto ao nariz de Deus!

Para terminar, quero resumir a essência de toda esta passagem:

"Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado" (Lucas 15:31-32).

O filho mais novo - enlameado no estrume da solidão trazida pelo pecado - estava morto em relação à sua própria vontade. E em sua miséria, experimentou algo além da dor: ele experimentou a sua perdição!

Ao pensar no pai, ele desejou voltar para ele - submeter-se inteiramente! Ele sabia que jamais poderia compensá-lo, ou agradá-lo através de qualquer boa obra. Ele viu que estava inteiramente dependendo da graça e do amor de seu pai para haver qualquer tipo de restauração.

Porém o filho mais velho nunca teve percepção quanto à sua perdição - de quão inútil seria tentar ligar o abismo existente entre ele e Deus. E assim, ele nunca enfrentou a necessidade de fazer morrer o seu eu.

Amado, as bordas do abismo nunca poderão ser ligadas por obras, promessas ou por esforço próprio. A nossa aceitação no amor do Pai vem apenas através do sangue de Jesus Cristo. Inexiste qualquer outra apelação. A cruz é a única ponte sobre o abismo.

Pode-se protestar contra tudo que escrevi aqui. Pode-se dizer: "Irmão Wilkerson, o senhor está dizendo para os pecadores que se eles simplesmente se arrependerem, tudo subitamente ficará bem - que Deus limpará o seu passado e lhes trará imediatamente para o Seu favor e as Suas bênçãos."

Sim, é exatamente isto que eu estou pregando - pois que isto é exatamente o que Jesus está dizendo nesta parábola! Toda vez que um pecador se volta para o Senhor em arrependimento, quebrantamento e humildade absolutos, ele é imediatamente trazido para os amorosos braços do seu Pastor.

Aleluia!

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