O Segredo da Força Espiritual

O profeta Isaías pronuncia um ai sobre Israel: "Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor" (Isaías 30:1). A palavra hebraica para "ai" aqui significa sofrimento profundo e dor. O que tinha feito o povo de Deus para magoá-Lo tão profundamente? E por que Ele o chamou rebelde? Afinal de contas, eles não eram pagãos - eram Seu próprio povo. Que pecado tão terrível cometeram para que os chamasse de rebeldes?

A palavra que Isaías utiliza neste verso para referir-se à rebelião significa retrocesso, teimosia, desvio. Do que exatamente se desviou o povo de Deus? E o que aconteceu para que se desviassem?

Encontramos a resposta na próxima frase: "Para tomar conselho, mas não de mim; e que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito" (30:1). A frase "se cobrem, com uma cobertura" aqui significa que fazem seus próprios planos. Posto de maneira simples, Deus diz: "Meu povo já não Me consulta. Não Me buscam para receber direção e aconselhamento. Em vez disto, ependem do braço da carne. E cada vez que agem sem Me buscar, e vão ao mundo procurar ajuda, amontoam pecado sobre pecado. Deixaram de confiar no braço forte de Deus".

Hoje em dia, pensamos que rebeldia é se recusar a obedecer a palavra de Deus, e se voltar para as drogas, o álcool, a fornicação e outros pecados grosseiros. Mas a rebeldia a que Deus se refere aqui é muito mais dolorosa que estas coisas. O próprio povo do Senhor estava dizendo: "Não incomodemos Deus com isto; temos a sabedoria e a vontade para fazer por nós mesmos".

Entretanto, o povo de Deus sabia muito bem que devia confiar em Deus em qualquer situação, por mais insignificante que esta fosse. Os Salmos constantemente lhes recordavam isto: "Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas" (Salmo 36:7). "...porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo..." (57:1). "Porque tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das tuas asas me regozijarei" (63:7).

Agora o povo de Deus estava enfrentando uma grande crise. Os assírios tinham declarado guerra à Judá, e o poderoso inimigo se aproximava rapidamente com milhares de carros de guerra. Para Judá, esta era a maior de todas as crises. A situação parecia totalmente desesperadora.

Entretanto Judá não recorreu ao Senhor na crise. Ignoraram a Deus, e dependeram da própria capacidade. Primeiro, enviaram embaixadores ao Egito para pedir ao exército do faraó que lhes emprestasse cavalos para a batalha. A seguir, tentaram subornar o Egito para que combatesse por eles contra a Assíria. Em resumo, procuraram ajuda no ímpio: "Que descem ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito" (Isaías 30:2).

Pergunto-me por que nenhum dos líderes de Judá questionou: "O que fizeram nossos piedosos pais em situações ameaçadoras como esta? Afinal de contas, temos um grande histórico de ocasiões em que fomos libertados. Aonde procuraram conselho? Como encontraram ajuda na hora da necessidade?".

Poderiam ter se recordado da situação de Davi, quando o exército filisteu se espalhou pelo vale dos Refains. Davi tinha acabado de ser ungido rei de Israel, e não sabia o que fazer. A Bíblia diz: "Então consultou Davi a Deus, dizendo: Subirei contra os filisteus, e nas minhas mãos os entregarás?" (1 Crônicas 14:10).

Davi procurou direção somente da parte de Deus. Não pediu conselho a nenhum conselheiro, ainda que tivesse muitos sábios a seu redor com quem podia contar (e as escrituras dizem que há sabedoria na multidão de conselheiros). Mas Davi foi a Deus em oração, pedindo orientação específica. E o Senhor lhe deu: "E o Senhor lhe disse: Sobe, porque os entregarei nas tuas mãos" (14:10). Deus abençoou Davi com uma grande vitória, porque este O consultara.

Mas os filisteus de repente se reagruparam. Agora voltam a Israel com novo exército. Neste momento, Davi poderia ter raciocinado: "A estratégia que Deus nos deu contra o inimigo funcionou na primeira vez. Vamos seguir o mesmo plano outra vez. Mas Davi se recusou a depender de outra coisa que não fosse uma nova palavra de Deus. "E tornou Davi a consultar a Deus; e disse-lhe Deus: Não subirás atrás deles" (14:14 - itálicos são meus).

Acredito que não há dois planos de Deus que sejam iguais. E aqui o Senhor tinha uma nova estratégia para Davi. Ele o instrui assim: "Rodeia-os por detrás, e vem a eles por defronte das amoreiras; e há de ser que, ouvindo tu um ruído de marcha pelas copas das amoreiras, então sairás à peleja; porque Deus terá saído diante de ti, para ferir o exército dos filisteus" (14:14-15).

Eu lhe pergunto: que conselheiro militar daria esse conselho? E quem acreditaria em tal plano, se o tivesse escutado? Imagino os capitães israelitas dizendo: "Davi, você está dizendo que vamos ficar sentados até ouvir o vento soprar por cima das árvores? E é aí, então, que vamos atacar os filisteus, e esperar que Deus os ponha em nossas mãos? Você ficou louco?"

Nosso Deus tem caminhos que vão além de nossos meios humanos. Seus planos podem parecer totalmente tolos aos olhos dos homens. Mas nosso Deus atua de modo sobrenatural através de nossa obediência à Sua palavra pela fé: "E fez Davi como Deus lhe ordenara; e feriram o exército dos filisteus desde Gibeom até Gezer" (14:16).

Asa era rei quando um exército de um milhão de etíopes atacou, trazendo quantidades de carros e cavaleiros. "E Asa clamou ao Senhor seu Deus, e disse: Senhor, nada para ti é ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força; ajuda-nos, pois, Senhor nosso Deus, porque em ti confiamos, e no teu nome viemos contra esta multidão" (2 Crônicas 14:11).

Basicamente, Asa clamava: "Senhor, colocamos nossa confiança em Ti". Aqui estava um rei piedoso que "fez o que era bom e reto aos olhos do Senhor seu Deus" (14:2). De fato, Asa "mandou a Judá que buscasse ao Senhor Deus de seus pais, e que observasse a lei e o mandamento" (14:4).

Quando chegou a crise, Asa foi diretamente a Deus em oração. Ele não teve que reunir um comitê para passar dias maquinando e planejando. Tinha muita gente sábia ao seu dispor (soldados, políticos, estrategistas, conselheiros), mas ele procurou Deus primeiro. Asa orou: "Senhor, o que devo fazer?". Deus respondeu dando-lhe uma palavra, e libertando Judá milagrosamente. "E o Senhor feriu os etíopes diante de Asa e diante de Judá" (14:12).

Então surgiu outra crise. Acredito que esta provação foi para testar a fé de Asa. De acordo com as escrituras: "Baasa, rei de Israel, subiu contra Judá" (16:1), capturando a cidade de Ramá. Mas Asa não recorreu outra vez a Deus, como fez Davi. Em vez disto, formulou seu próprio plano. Ele raciocinou: "Aquele exército de um milhão de homens da Etiópia foi diferente. Naquela ocasião necessitei de Deus. Mas este exército de Israel não é grande coisa. Posso resolver isso eu mesmo".

Como Asa tratou de resolver o problema? Ele tratou de subornar a Síria para que lutasse contra Israel. Asa até tomou ouro e prata do tesouro do templo e de suas próprias contas, para pagar o suborno. Então enviou embaixadores para persuadir Ben-adad, rei de Síria, para que rompesse seu acordo de paz com Israel e o atacasse.

Parecia que o plano funcionava. A Síria se levantou contra Israel, os israelitas abandonaram amá, e Asa retomou a cidade. Parecia que o plano que Asa concebera por si próprio, ignorando a Deus completamente, tinha sido bem-sucedido. E o rei felicitou a si mesmo por sua habilidade.

Mas o Senhor se entristecera. Disse a Asa: "Porquanto confiaste no rei da Síria, e não confiaste no Senhor teu Deus, por isso o exército do rei da Síria escapou da tua mão. Porventura não foram os etíopes...um grande exército, com muitíssimos carros e cavaleiros? Confiando tu, porém, no Senhor, ele os entregou nas tuas mãos...nisto, pois, procedeste loucamente porque desde agora haverá guerras contra ti" (16:7-9).

Em resumo, Deus estava dizendo: "Asa, certa ocasião você confiou em Mim. E por causa de sua confiança, entreguei um grande exército em suas mãos. Mas agora dependeu de sua própria inteligência e dos sírios. Você sabia que este não era o Meu caminho. E não vou permiti-lo. Você agiu de maneira tola, Asa. E de agora em diante, não terá paz, e sim guerras".

Muitos de nós somos como Asa. Recebemos um grande livramento da parte de Deus, e Lhe agradecemos com altos louvores. Prometemos: "Senhor, de agora em diante, não vou a nenhum lugar, nem vou fazer nada sem antes consultá-Lo.Vou orar por tudo". Mas então surge outra crise, e de repente, as coisas mudam. Achamos que podemos confiar em nossos velhos planos e êxitos. Assim, acabamos resolvendo o assunto nós mesmos. Pode ser que o Senhor permita que os planos feitos por nós mesmos funcionem por um período. Mas com o tempo, terminamos em total confusão.

Você poderia objetar: "Deus me deu uma boa mente, que supõe-se que é para ser usada. Ele quer que eu resolva as coisas". Sim, mas só depois de receber Sua direção em oração. Não podemos jamais obter a mente de Deus dependendo de nosso próprio raciocínio. O apóstolo Paulo nos diz que a mente carnal não pode entender a mente espiritual (veja Romanos 8:5-7).

Digamos que você seja solteiro, e esteja orando a Deus por um cônjuge. Isso é uma coisa boa. Mas com o tempo você vai se impacientando com os tempos do Senhor. Você esperou em Deus, mas a pessoa certa não chegou. Então, você fixa os olhos em uma certa pessoa, e de repente está maquinando como atraí-la. Pode até ser que consiga seu cônjuge. Mas, como Asa, mais provavelmente irá conseguir guerra, e ficar sem paz. Pagará um preço alto, com o que não contava, havendo ira, maus entendidos e confusão.

Pior, fará sofrer ao Senhor. Escutará Seu ai para você: "Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em confusão" (Isaías 30:3). Ele dirá: "Confiou no braço da carne, mesmo Eu tendo lhe advertido que era loucura. Agora vai pagar o preço por não depender completamente de Mim em todas as coisas. Acabará em sofrimento e confusão."

"Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente" (Isaías 30:8). Basicamente, Deus estava dizendo: "Quero que todas as gerações, a partir de agora até o fim dos tempos, saibam de Minha profunda tristeza por este tipo de rebeldia. Escreva isto, Isaías, para que toda a gente, de todos os tempos, veja Minha tristeza por confiarem na provisão do mundo e não em mim".

A rebeldia que Deus descreve aqui é um ato de desacato; resistência a Seu domínio e autoridade totais em nossas vidas. É recusar buscar Sua mente em todas as coisas. Isto não inclui somente as grandes coisas da vida, mas também as pequenas: assuntos familiares, mágoas, preocupações pessoais. E diz respeito a cada aspecto de nosso ser: espiritual, físico, mental, tudo. Rebeldia contra o domínio de Deus quer dizer: "Posso fazer por mim mesmo. Não preciso importunar a Deus". Mas Deus quer ser importunado.

Para simplificar, se você não está buscando o Senhor para que lhe dê Sua direção - se não estiver clamando por orientação, se não estiver confiando em Sua fidelidade, se estiver tentando fazer as coisas acontecerem por conta própria - está em rebeldia. Deus declara: "Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, após os seus pensamentos" (Isaías 65:2).

À luz da advertência de Deus, pergunte a si próprio: será que estou em rebeldia contra Deus, apesar de minha devoção, adoração e do meu reto caminhar? Posso orar, jejuar e assistir fielmente a igreja - mas será que há este tipo de rebeldia em minha vida? Seria esta a razão de eu estar enfrentando confusão ou conflitos no lar, na família, no trabalho?

Lanço a mesma questão aos ministros. Quando Deus olha para você, será que diz: "Meu filho, às vezes você ainda faz coisas no ministério sem consultar a Mim, antes de tudo. Quero estar envolvido da raiz dos cabelos até a ponta dos pés. Se não 'pede à Minha boca', ou não confia na sombra de Minhas asas, você está em rebeldia".

Nosso Senhor quer ser nosso guardador. "Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel. O Senhor é quem te guarda" (Salmo 121:4-5). A palavra em hebraico para guardador aqui significa guarda, protetor, diretor, guia. Nosso Senhor é um Pai vigilante e protetor, que tem muito gozo em guardar e preservar a Seus filhos.

De fato, em Êxodo Deus se revela a Israel por um novo nome: Zeloso. "Porque não te inclinarás diante de outro deus; pois o nome do Senhor é Zeloso; é um Deus zeloso" (Êxodo 34:14). Veja que este nome foi revelado no contexto de uma advertência: "Não te inclinarás a nenhum outro deus". Naquele tempo, a maioria dos israelitas ia a "lugares altos", ou altares idólatras, para encontrar orientação. Serviam ao Senhor só com os lábios quando se tratava de buscar Sua direção.

Isso era idolatria, pura e simples. Só Deus conhece o futuro. E toda vez que uma pessoa recorre a algo que não seja Deus em busca de direção, ela está adorando esse objeto. Isto se aplica a tudo que se relaciona com confiar em astrólogos, horóscopos ou ler estrelas. Tudo aquilo em que você confia em termos de ajuda ou socorro, você adora. Você o torna deus.

Nosso Deus tem um zelo absoluto em relação ao Seu poder de guarda. E O desdenhamos toda vez que não nos voltamos unicamente para Ele em busca de ajuda. Deus matou o rei Saul exatamente por esse pecado de rebelião. "Assim, morreu Saul por causa da transgressão cometida contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, que ele não guardara; e também porque interrogara e consultara uma necromante e não ao Senhor, que, por isso, o matou..." (I Crônicas 10: 13-14). A palavra de Deus deixa claro: a transgressão de Saul foi procurar conselho de outrem ao invés do Senhor. E Deus o matou por isso.

Isaías listou as terríveis conseqüências da recusa de Judá em confiar em Deus como seu guardador: "Sua rebelião fará com que feche os ouvidos à palavra de Deus. Você não ouvirá mais as advertências dos profetas. Ao invés disso, pedirá um evangelho 'suave', e uma pregação enganadora que justifique sua rebelião. E porque despreza toda correção, você se desviará da vereda da santidade" ( v. Isaías 30:9,10).

Finalmente, Isaías declara que Deus derrubaria todas as muralhas de auto-proteção de Judá: "...esta maldade vos será como a brecha de um muro alto...prestes a cair...cuja queda vem de repente, num momento. O Senhor o quebrará como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o sem nada lhe poupar" (30: 13-14). Deus estava dizendo: "Vou deixar em pedaços todas as coisas falsas em que vocês confiaram. Os seus planos vão desmoronar".

Mas então Isaías revela o compassivo coração de Deus em relação ao Seu povo. Ele insiste com Judá: "Vocês não precisam mais viver nessa confusão. E não precisam passar por essa queda que vem de repente. Deus proveu uma saída para nós". "Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força"' (Isaías 30: 15).

Aqui, em resumo, está o segredo de Deus para a força espiritual: "Na tranqüilidade e na confiança, (está) a vossa força". A palavra para tranqüilidade em hebraico significa repouso. E repouso significa sossego, relaxamento, livramento de toda ansiedade; quietude, o deitar com sustentação por baixo.

Poucos cristãos hoje em dia têm esse tipo de tranqüilidade e confiança. Multidões de crentes estão envolvidas num frenesi de atividades, correndo como loucos para ter saúde, bens materiais, prazeres. Mesmo no ministério, os servos de Deus ficam correndo preocupados, com medo, procurando respostas em congressos, cursos, livros "best seller". Todo mundo quer orientação, soluções, algo para acalmar o espírito. Contudo, procuram em todas as fontes, menos no Senhor. Não percebem que Deus já lhes trouxe uma palavra através de Isaías: se não se voltarem a Ele para ser sua fonte, o esforço terminará em tristeza e confusão.

Isaías descreve o que a justiça de Deus deve produzir em nós: "O fruto da justiça será paz; o resultado da justiça será tranqüilidade e confiança para sempre" ( Isaías 32:17). Se estamos verdadeiramente andando em justiça, nossas vidas produzirão os frutos de um espírito calmo, quietude de coração e paz com Deus.

Pedro fala do "trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor" ( I Pedro 3:4). Esse espírito não tem nada a ver com temperamento ou personalidade. Afinal de contas, algumas pessoas tem naturalmente uma tendência a serem calmas e tímidas, enquanto outras são simplesmente mórbidas. Não, o espírito manso e quieto ao qual Pedro se refere só pode ser implantado em nós pelo Espírito Santo. E Ele o dá a todos aqueles que confiam inteiramente no Senhor em todas as coisas.

Ainda assim, quando Isaías olhou ao redor, viu o povo de Deus fugindo para o Egito atrás de ajuda, confiando nos homens, confiando em cavalos e carros de guerra. O profeta adverte: "Os egípcios são homens e não deuses; os seus cavalos, carne e não espírito. Quando o Senhor estender a mão, cairão por terra tanto o auxiliador como o ajudado, e ambos juntamente serão consumidos" ( Isaías 31:3).

Embaixadores iam e vinham. Líderes realizavam encontros de emergência estratégicos. Todos estavam em pânico, lamentando: "O que podemos fazer? Os assírios vão nos aniquilar".

Mas Isaías lhes garante: "Não tem que ser assim. Saiam da apostasia; arrependam-se da rebeldia de confiar nos outros.Voltem-se para Deus, e Ele lhes cobrirá com manta de paz. Ele dará traqüilidade e descanso em meio a tudo que estão enfrentando".

Rute é um exemplo deste tipo de confiança. Depois que o marido morreu, Rute viveu com a sogra, Noemi, que já era idosa. Noemi se preocupava com o bem estar de Rute e queria assegurar o futuro da nora. Então aconselhou Rute a se colocar aos pés do rico Boas, e pedir a ele que cumprisse sua obrigação para ela como seu parente resgatador.

Aquela noite, depois de terminar o trabalho de peneiração, Boas deitou-se "ao pé de um monte de cereais"(Rute 3:7), e se cobriu com um cobertor. Na manhã seguinte, ele acodou assustado, encontrando uma mulher deitada a seus pés. (Não há nada imoral quanto à presença lá de Rute; esse era um costume comum da época).

Rute lhe disse: "Estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador" (3:9). Ela estava dizendo basicamente: "O senhor vai assumir a obrigação de parentesco comigo? Vai me sustentar?". Em resumo, estava perguntando: "O senhor vai se casar comigo?".

Ora , não se tratava de manipulação. Rute e Noemi tinham feito tudo sob ordem divina. Temos certeza disso, porque a linhagem de Cristo veio através de Rute. Quando Rute voltou para casa cedo aquela manhã, Noemi perguntou: "Quem és, minha filha?" (v. Rute 3:16). Ela estava perguntando em outras palavras: "Devo lhe chamar 'noiva' Rute? Ou ainda é 'viúva' Rute?".

Rute contou a Noemi tudo o que acontecera. Agora ouça o conselho de sua piedosa sogra: "Espera, minha filha, até que saibas em que darão as cousas, porque aquele homem não descansará, enquanto não se resolver este caso ainda hoje" ( Rute 3:18).

Naomi tinha orado sobre o assunto, procurando a direção de Deus, e Deus tinha lhe aconselhado. Ele a lembrou da lei do parente-resgatador (que era um tipo e um prenúncio de Cristo). Então Noemi estava confiante de que ela e Rute tinham feito a sua parte. Agora era hora de se aquietar, e confiar que Deus iria cumprir o que havia prometido. Ela estava dizendo: "Está tudo nas mãos de Deus agora, Rute. Simplesmente relaxe e fique calma. Deus vai se mover de modo sobrenatural por você; então, não precisa se preocupar, ter medo ou manipular qualquer coisa. Deixe que a tranqüilidade e a confiança sejam a sua força. Deus não irá deixar Boaz descansar até que ele coloque um anel no seu dedo".

Calma e paz se estabeleceram na casa de Noemi. Ninguém ficou apavorado, comendo as unhas, e perguntando: "Será que Deus vai agir? Quando?". As duas mulheres fiéis podiam relaxar, cantar e louvar ao Senhor por Sua bondade.

E o seu lar? A sua casa é uma habitação calma, de paz? Ou é um lugar de dúvida, questionamento, ansiedade, inquietação? Você corre pra lá e pra cá, temendo: "Como vou pagar as contas?".

Quando os problemas vêm, você busca Deus diligentemente antes de qualquer outra fonte? A seguir, você obedece tudo que Ele lhe diz para fazer? Por fim, você fica calmo, tranqüilo, confiando nEle pelo resultado? Se está, seu lar deve ser um lar calmo e de paz.

"Bem aventurados todos os que nele (Senhor) esperam...tu não chorarás mais; certamente, (Ele) se compadecerá de ti, à voz do teu clamor...Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele...Um cântico haverá entre vós...e alegria de coração" (Isaías 30: 18-19, 21, 29). Isaías estava dizendo: "Se você simplesmente esperar no Senhor - se invocá-Lo novamente, e voltar a confiar nEle - Ele fará por você tudo o que eu disse e ainda mais".

Deus pode simplesmente proferir uma palavra e o inimigo irá tremer diante de nós: "Porque com a voz do Senhor será apavorada a Assíria" ( 30:31). Amado, não há assunto que nosso Pai não possa resolver, nenhuma batalha que Ele não possa vencer por nós, com uma simples palavra de Seus lábios. Isaías diz: "o assopro do Senhor" consumirá tudo que aparecer em nosso caminho (v.30:33).

Porém, esse processo de confiar em Deus em todas as coisas não é fácil. Recentemente, em oração, busquei o Senhor em relação à uma situação relacionada ao nosso edifício da igreja aqui em Nova York. Havia a possibilidade de uma companhia construir um hotel de cinqüenta andares em cima do nosso prédio. (O problema relaciona-se com o que é chamado "direito aéreo" na cidade - ou seja, o espaço acima de edifícios existentes, o qual constitui espaço potencial de construção. Não temos a posse do direito aéreo acima do nosso prédio - seria muito caro poder comprá-lo - então, não podemos legalmente parar essa companhia. Espaço é raridade em Manhattan, então até o espaço de ar acima dos edifícios pode ser vendido como imóvel).

Eu tinha orado para que nenhum tijolo no nosso templo fosse removido. Eu disse ao Senhor: "Confio em Ti quanto a isso, Pai. Tenho Te buscado em relação à essa questão, e ficarei em paz quanto à ela". Eis como Ele me respondeu: "David, Me impressiono com o fato de você confiar em Mim em relação ao imóvel, às finanças e outras coisas materiais. Contudo você ainda não confia em Mim quanto ao seu bem estar físico".

Eu houvera estado muito consciente de que faria setenta anos breve. E havia me preocupado excessivamente sobre o que conteceria à minha família quando eu partisse. Agora, as palavras convincentes do Senhor me acertavam como um raio. Eu tinha colocado todo interesse material em Suas mãos, mas não os interesses eternos. Eu me convenci: "Senhor, Tu queres que eu confie em Ti em tudo, não é?".

Sim, querido santo - Ele quer tudo: sua saúde, sua família, seu futuro. Ele quer que você confie nEle em todas as áreas. E quer que você viva em tranqüilidade, confiança e descanso.

Então vá para o seu lugar secreto e fique sozinho com o Senhor. Leve tudo a Ele. Ele promete: "Você irá ouvir a Minha voz atrás de ti, dizendo que caminho tomar. O caminho é esse - agora, ande nele".

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