Permaneceremos no Pecado?
Como pode alguém chamar-se apaixonado por Jesus, sabendo que permanece no pecado? Como seguidores de Cristo, declaramos que somos livres do poder do pecado; testemunhamos que a cruz nos redimiu totalmente da escravidão à iniqüidade. Mesmo assim multidões de crentes continuam amarrados à luxúria, hábitos, ressentimentos, amarguras. Aonde estão tais cristãos, você se pergunta. Estão ao seu redor. Você os encontra todo domingo, adorando nas igrejas. Levantam as mãos em louvor a Deus por lhes haver libertado.
Testemunham a outros que o poder de Cristo liberta da iniqüidade. Mas não abandonam seus pecados íntimos.
Tristemente muitos destes cristãos acreditam que nada pode libertá-los das garras do pecado. Tentam todos os métodos conhecidos para se libertarem do cativeiro, mas não há oração, aconselhamento ou sermão de convencimento que possa ajudar. O pecado continua entrelaçado ao redor de seus corações como uma serpente, até tomar controle de toda sua vida. E acabam trazendo sobre si uma carga agonizante de culpa e condenação.
Paulo pergunta: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? De modo algum. Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?" (Romanos 6:1-2). Paulo maravilhado diz: "Recebemos essas bênçãos inacreditáveis em Cristo: fomos batizados nEle, sepultados e ressuscitados com Ele, amoldados à semelhança de Sua morte. Portanto, como poderemos permanecer no pecado?” O fato é que, quanto mais tempo consentimos com aquele pecado que nos assedia, mais forte ele se agarra a nós. É um câncer que se ramifica por todo nosso ser, contaminando todos os nossos pensamentos e ações. Seu poder de deterioração despeja destruição em todas as áreas de nossas vidas - desde nosso caminhar com Cristo, até em nossos relacionamentos, e em cada coisa que tocamos.
Ademais, o pecado nunca morre por si mesmo. Se não é arrancado pela raiz e destruído, ele toma posse do trono de nossa vida. Primeiramente ele afeta sua consciência causando a perda do discernimento. A diferença entre o certo e o errado começa a ficar anuviada e a se tornar indistinta. Então a voz do pecado ganha o seu ouvido. Paulatinamente ela começa a justificar sua lascívia - fornecendo-lhe até argumentos bíblicos como justificativa. Finalmente, você desenvolve resistência aos sermões e não responde mais à condenação do Espírito Santo.
Você deve conhecer cristãos nesta terrível situação. Colocam-se na defensiva sempre que são confrontados com o pecado favorito. Eles retrucam: "O que estou fazendo não é errado. Orei sobre isto e o Espírito Santo me disse que não estou pecando". Não obstante, você sabe que o proceder desta pessoa se contrapõe à Palavra de Deus. De acordo com as condições da aliança de Deus, o Espírito Santo nos capacita a viver vitoriosamente sobre o diabo. Ele nos dá todos os recursos necessários para que o domínio do diabo seja destruído em nossas vidas. Ele até, nos ajuda a “querer obedecer” os mandamentos do Senhor.
Contudo, a promessa da Nova Aliança de Deus de romper todo cativeiro e fazer livre a todo cativo, é somente para aqueles que estão cansados do pecado. Por que razão o Espírito Santo derramaria seu poder libertador sobre alguém que não vê seu pecado como assunto sério? Se você pensa que o Espírito Santo vai libertá-lo das garras do pecado sem sua total cooperação, está enganado. Não permita Deus que um cristão fique sentado confortavelmente e se entregue à luxúria, enquanto espera que o Espírito Santo a tire dele. Tal ensinamento não somente acomoda os cristãos em seus pecados - como também falsifica a Nova Aliança de Deus.
Para responder a esta questão preciso somente olhar para o meu próprio coração. Mais e mais, à medida que o dia se aproxima, imagino estar diante do trono do meu Senhor, no momento em que seus olhos de amor caírem sobre mim. Naquele instante terei de dar conta de cada um dos meus atos e pensamentos. E, como ministro do evangelho, também terei de prestar contas das mensagens pregadas aos outros mas não vividas em minha própria vida. Tal como Paulo escreveu, "... para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado" (1 Coríntios 9:27).
E só de pensar nesta cena vem ao meu coração um santo temor. Clamo cada dia: "Senhor, se há algum pecado em mim, por favor - trate-o. Não desejo escutar o som da trombeta, e então me achar diante de Ti com uma concupiscência enroscada no coração." O que você dirá a Jesus quando estiver diante dEle? Que desculpa você Lhe dará por manter no coração raiz de amargura, rancor, sensualidade, um hábito pecaminoso? Lhe dirá: "Senhor, não sabia que levarias tão a sério este pecado; pensei que serias paciente comigo, e que neste caso Tua graça superabundaria sobre mim. Sempre cri na promessa de Tua Nova Aliança.
Simplesmente fiquei esperando que Teu Espírito removesse tal pecado de mim?" Amado, nosso Senhor voltará breve, e não é hora de brincar com seu pecado.
Conheço muitos cristãos íntegros que em algum momento de suas vidas se descuidaram e foram derrubados pela concupiscência. Portanto não pense que isto não pode acontecer com você. "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23). Você precisa perguntar-se: "Por que permaneço no pecado? Por que este cativeiro demoníaco ainda me prende? Por que não fico livre?” Sobre este assunto, creio que o Espírito Santo me revelou diversas coisas:
Muitos cristãos, hoje, não têm o temor de Deus plantado nos corações pelo Espírito Santo. O escritor de Provérbios declara: "Pela misericórdia e pela verdade se purifica a iniquidade; e, pelo temor do Senhor, os homens se desviam do mal" (Provérbios 16:6). "Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal" (3:7). "O temor do Senhor é uma fonte de vida para preservar dos laços da morte" (14:27) O temor de Deus, aqui, refere-se a muito mais do que respeito e medo reverente. O salmista nos diz que não podemos receber a total revelação da aliança de Deus até que o temor do Senhor esteja profundamente arraigado em nós: "O segredo do Senhor é para os que o temem; e Ele lhes fará saber o seu concerto" (Salmos 25:14). Este versículo associa o entendimento do concerto com o temor de Deus. Em outras palavras, toda revelação está associada ao seu santo temor.
Estou convencido de que sem o temor de Deus, não podemos experimentar uma duradoura libertação do pecado. Porém, em muitas igrejas o temor do Senhor se tornou um assunto "tabu".
Quando foi a última vez que você escutou um sermão sobre o temor de Deus? Uma razão para tal, é que a permissividade da sociedade invadiu a casa de Deus. Ultimamente o termo "graça" é usado como cobertura para o pecado. Com o salmista escreveu, "A prevaricação do ímpio fala no íntimo do seu coração; não há temor de Deus perante os seus (deles) olhos" (Salmos 36:1). Além do mais, ministros corruptos evitam certas passagens relacionadas com o temor de Deus. Usualmente pregam usando só os seguintes versículos, "Porque Deus não nos deu o espírito de temor; mas de fortaleza, e de amor, e de moderação" (2 Timóteo 1:7). "Na caridade não há temor; antes a perfeita caridade lança fora o temor ... (1 João 4:18). "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor ... (Romanos 8:15).
Estas são passagens maravilhosas - mas se referem a se ter temor do homem ou de Satanás, e não ao temor de Deus. A mesma palavra usada como "temor" nestes versículos é também usada no livro de Hebreus: "E, assim, com confiança, ousemos dizer: o Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem" (Hebreus 13:6).
Creio que Deus tem que cumprir um certa obra em nós, antes de podermos cobrar os direitos a qualquer promessa da aliança. Qual é este trabalho precedente sobre o qual todos os outros dependem? Jeremias nos diz: "... e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim" (Jeremias 32:40). O trabalho anterior da aliança de Deus é colocar o seu temor em nossos corações.
Jeremias está falando da condição da Nova Aliança de Deus, e não da Antiga. E Deus nos diz aqui como será realizado a primeira obra do concerto. "Porei o meu temor nos seus corações." Ele está nos comunicando que não podemos nós mesmos produzir um temor santo. Não podemos obtê-lo por intermédio de pessoas que impõem suas mãos sobre nós, ou pela manipulação de nossa carne. A única maneira desta obra santa se realizar em nós é se o Espírito Santo a levar a cabo.
Em essência, Deus nos diz: "Farei coisas maravilhosas em vocês. Lhes enviarei Meu próprio Espírito, que habitará em vocês, e lhes dará um novo coração. Capacitá-los-á a mortificar todos os desejos da carne. E Ele os guiará à uma libertação total do poder do pecado. Finalmente motivará vocês a querer e a fazer a Minha vontade."
"Porém há um trabalho que Meu Espírito deve fazer antes de todos estes outros. Porá em vocês um temor santo com relação ao pecado. Então, vocês não irão querer afastar-se dos Meus mandamentos. A menos que tenham o Meu temor em vocês, seus pecados sempre os levarão para longe de Mim."
Simplesmente o Espírito Santo muda a nossa maneira de encarar nosso pecado. Ele sabe que se encararmos levianamente nossa concupiscência, jamais seremos libertos. Deste modo, Ele nos mostra quão profundamente o pecado magoa e provoca a ira de Deus. Como o Espírito Santo faz isto? Ele usa a palavra de convencimento de Deus - as flechas penetrantes da verdade santa.
Se você está cansado do seu pecado, e tem fome por caminhar em retidão, então prepare-se: Deus lançará "flechas evangélicas" de convencimento em seu coração. Estas flechas perscrutarão cada área escondida do seu coração, e trarão à luz toda concupiscência. E uma vez atingido o alvo, você sentirá a chama da verdade queimando profundamente em sua consciência.
Muitos cristãos carnais tratam de ignorar a culpa que as flechas condenatórias de Deus produzem. Constantemente invocam o versículo: "Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus..." (Romanos 8:1). Mas se esquecem de ler a última parte do mesmo, "...que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito". Se você permanece no pecado, está andando na carne - e não tem direito de invocar a promessa de Deus de "nenhuma condenação".
A culpa que sentimos pelo convencimento vindo do Espírito Santo, é na verdade uma obra da graça de Deus. Tem o objetivo de trazer à luz o engano do pecado em nós. Portanto, devemos pedir ao Espírito de Deus que continuamente carregue nossa consciência de culpa, de temor e de condenação do pecado - até que sua excessiva pecaminosidade seja totalmente exposta.
Muitos cristãos não se dão conta do terrível perigo em que se encontram quando permanecem no pecado. Somente as flechas ardentes da verdade do Espírito Santo, podem despertar suas almas ao temor santo necessário para desvencilharem-se do pecado. Permita-me compartilhar com você algumas flechas ardentes de realidade que o Senhor tem usado para penetrar na minha alma:
1. Deus considera mais perversos, perigosos e odiosos os pecados e as lascívias ocultas cometidos pelos cristãos, do que os pecados públicos mais vis e demoníacos cometidos pelos não salvos.
Muitos crentes pensam que seus pecados escondidos não são sérios, simplesmente porque não os praticam abertamente. Mas Deus vê o coração - e o pecado que Ele vê dentro pesa muito mais que aquele dos pecadores depravados. Eu explico:
Tente pensar no mais vil ato alguma vez praticado por um depravado não convertido, homem ou mulher. Imediatamente minha mente se volta a um artigo que li no ano passado em um dos jornais de Nova York. Um homem se casou com uma mulher que sempre desejou ter um bebê.
Ele logo consentiu que ela engravidasse e, finalmente quando a mulher teve o bebê, ela passou as primeiras semanas cuidando dele. Um dia, repentinamente, sem mais nem menos, o homem tirou o bebê dos braços da mãe e o matou. Por que? Foi um ato de vingança. Aparentemente ele estava com raiva da mulher porque ela, antes deles se casarem, não compareceu ao funeral do seu pai. Ele raciocinou, "Ela não me confortou quando eu precisei. Então a farei sofrer." Este é um dos mais cruéis, maus e horríveis atos já praticados.
A humanidade hoje, tem visto mais assassinatos, genocídios e pecados horripilantes que qualquer outra geração. Contudo, aqui está a perspectiva de Deus sobre tudo isto: nada se compara à concupiscência que está entranhada em nossos corações. Nossos maus hábitos, ódios e pecados íntimos são mais vis à sua vista, que qualquer coisa que os seres humanos tenham perpetrado. Vemos um exemplo da perspectiva de Deus no Apocalipse. Ele diz à igreja de Laodicéia:
"Conheço as tuas obras, que nem és frio ou quente" (Ap 3:15). Ele está dizendo: "Você não é o que professa ser. Diz a si mesma, ‘Não preciso de nada’. Mas Eu digo que você está se tornando morna. Todos a vêem como íntegra e próspera. Mas Eu vejo o seu coração - e sei que o zelo que um dia tiveste por Mim se acabou."
Provérbios nos diz: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração" (Pv 4:23). Do mesmo modo, "Pois como (o homem) imaginou na sua alma, assim é" (23:7). Estes versículos são flechas agudas do Espírito Santo. Elas penetram nossos corações nos dizendo: "Você não pode fugir da vista de Deus. Cada coisa que você esconde secretamente em sua alma será revelada. Não importa se você a cometeu ou não. Deus não desculpa sua lascívia secreta".
2. Quanto mais tempo você permanecer no pecado, maior será o perigo do seu coração se endurecer.
"Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado" (Hebreus 3:12-13)
Talvez alguma vez você tenha estremecido ao escutar a palavra de Deus. Se derretia cada vez que escutava um sermão cheio do fogo, e que você sabia estar dirigido especialmente para você. Tinha ouvidos que ouviam a voz do Espírito. Mas ultimamente você tem andado flertando com seu pecado favorito - brincando com ele, vagueando com ele em sua mente. E agora, tendo em vista que o pecado produziu o engano no seu interior, você consegue ficar impassível diante de qualquer sermão, não importando quão ungido ele seja.
Se você tivesse o temor de Deus, ele rapidamente lhe revelaria que seu coração está se endurecendo. Se daria conta de que, a cada dia que você permanece no pecado, está mais próximo de cauterizar sua consciência. Mas em vez disso, dia a dia, o seu pecado se faz menos e menos óbvio. Logo você estará completamente cego, usufruindo de uma falsa paz. E, finalmente, seu pecado transbordará os limites que você havia estabelecido, fluindo violentamente em todo tipo de prática maligna.
Eu vi, em primeira mão, os horrores de um homem de Deus que permitiu que seu coração se endurecesse. Era um ministro, amigo meu, que pastoreava uma grande igreja. Deus abençoou poderosamente este homem, ungindo seus sermões com o fogo e o poder do Espírito Santo. Porém este ministro abrigava uma secreta lascívia sexual. Com o tempo começou a ceder a ela - e por fim foi pego no ato de adultério. Deus foi misericordioso com meu amigo. Presbíteros e líderes piedosos da igreja disciplinaram o pastor e logo o reconduziram ao ministério. Cada vez que a lascívia sexual surgia no seu coração, o Espírito Santo fielmente tratava com ele acerca dela. Mas este homem nunca enfrentou com seriedade o seu pecado. Nunca inclinou o coração para ouvir a voz do Espírito.
Eu estava lá na noite em que tudo foi descoberto novamente. Cinco mulheres vieram à frente, e confessaram ter caso com ele. Algumas até disseram que haviam tido relações sexuais pouco antes de ele subir ao púlpito para pregar. Um amigo meu mais tarde perguntou ao pastor: "Como pôde a sua consciência permitir que você fizesse isto? Como pôde ter relações ilícitas e depois se dispor a pregar da palavra santa de Deus?” O pastor respondeu com um sorriso: “Você tem que ser ator'".
Isto é um coração duro. Nada mexia com esse homem. Ele se tornou tão endurecido, que se entregou ao adultério e ao mesmo tempo abria a Bíblia e pregava, sem um traço de culpa.
3. Se permanecer no pecado, você enfrentará a vara de Deus.
O salmista escreve o seguinte acerca de uma das maiores promessas da aliança de Deus: "Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nos meus juízos, se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos, então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniqüidade com açoites. Mas não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade. Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios." (Salmos 89:30-34)
Nos regozijamos quando lemos essas maravilhosas palavras da Nova Aliança. Deus promete nunca remover de nós seu carinho e amor, não importa quão baixo caiamos. Mas muitos crentes passam por alto na séria advertência desta passagem: se esquecemos a lei de Deus e nos recusamos a guardar seus mandamentos, Ele visitará nossas transgressões com a vara divina. Simplesmente não há como abrandar esta palavra. Deus está nos dizendo claramente: "Se você permanecer no pecado, Eu tratarei com ele severamente. Eu lhe absolverei e perdoarei. Mas me vingarei sobre seu pecado e você sentirá meus açoites sobre seu ombro."
A Bíblia nos diz que todo aquele a quem o Senhor ama é por Ele corrigido. Vemos vivamente esta verdade na vida de Davi. Veja como o Senhor tratou este homem, um servo fiel que desfrutou do favor de Deus. Em um dado momento de sua vida, Davi pecou terrivelmente - justificando e mantendo por meses seu ato em oculto. Finalmente Deus disse: "Basta!" - e enviou um profeta para revelar o pecado de Davi. Natã usou uma analogia para jogar por terra qualquer desculpa que Davi pudesse apresentar. Até que o rei, finalmente, admitiu: "Eu pequei - sou culpado".
Mas simplesmente admitir o pecado não é suficiente. Deus não somente expôs o pecado de Davi - mas também aplicou sua vara divina sobre os ombros do seu servo. É claro, sabemos que o Senhor sempre aplica seu castigo em amor. Mas a vida de Davi nos mostra claramente que sentir a vara da correção de Deus não é uma coisa suave. Os açoites, que Ele dá, são dolorosos e agonizantes. E muitas vezes a vara não cai somente sobre nós, como cai também sobre nossos amados, sobre aqueles que estão perto de nós.
Atente para os resultados diretos do pecado de Davi sobre os que o rodeavam: o filho ilegítimo que teve com Bate-Seba morreu. Milhares de soldados israelitas morreram em batalha. Ele trouxe escândalo para seu país, fazendo Israel motivo de chacota para os inimigos. E como se esta agonia não fosse suficiente, Davi sofreu uma infindável dor pelo seu pecado: perdeu o trono de Israel para o seu rebelde filho, Absalão. Foi perseguido como um animal selvagem pelo exército do filho que tanto amara, tendo que fugir para o deserto. E chorou copiosamente quando Absalão foi morto.
Davi sabia que tudo isto poderia ter sido evitado. Cada um destes acontecimentos dolorosos foi uma agonizante lembrança das conseqüências do seu pecado. Expressou sua infindável dor nos Salmos, escrevendo que sua alma estava em constante tormento, que foi lançado em confusão, que seu leito se transformara em uma cama de lágrimas. Ele exclamou em agonia: "Deus, porque me desamparaste?". E gemeu em temor: "Espírito Santo, não se afaste de mim."
A severidade da vara de Deus levou Davi ao limite de sua sanidade. E como você verá na continuação, também o levou à beira da cova.
4. Se você permanecer no pecado, experimentará um esvaziamento constante da paz e da força.
Davi escreveu: "Porque a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força descai por causa da minha iniqüidade, e os meus ossos se consomem" (Salmos 31:10).
Como um buraco no tanque de óleo de um carro, seu pecado lentamente consome todas as suas fontes de energia. Sua paz, gozo e forças literalmente vão gotejando até que desaparecem por completo.
Davi confessou: "Não há coisa sã na minha carne, por causa da tua cólera; nem há paz em meus ossos, por causa do meu pecado." (Salmos 38:3). Ele estava dizendo: "Todas minhas forças se foram por causa do pecado. Meu corpo está debilitado por causa do que fiz. Minha iniqüidade simplesmente não me permite descansar."
Davi estava experimentando as flechas penetrantes de Deus. Escreveu: "Porque as tuas flechas se cravaram em mim, e a tua mão sobre mim desceu" (Salmos 38:2). Desta maneira foi ensinado a este amado servo o temor de Deus. E parte de sua dolorosa lição foi a perda da paz do Senhor. Exclama: "Abateu a minha força" (Salmos 102:23).
Conheço cristãos que têm mantido suas vidas em bagunça completa porque permanecem consentindo com seu pecado. Estas almas vazias estão sempre deprimidas, débeis, lutando sempre sem chegar a lugar algum. Também conheço ministros que não conseguem ficar tranqüilos devido ao pecado. Estão constantemente ocupados, trabalhando, nunca entrando no repouso do Senhor.
Não importa quem você seja - se guarda um pecado em oculto, experimentará contínuos distúrbios em sua vida, sua família, seu trabalho. Tudo que tocar se estragará. Começará a sentir-se mais e mais inquieto, confuso, agitado por intermináveis preocupações e temores. E toda a sua paz e força se esvairão.
5. Se você permanecer no pecado, perderá sua utilidade no reino de Deus.
Tenho visto homens poderosamente usados pelo Espírito, que mais tarde foram postos na gaveta por Deus. O Senhor lhes disse simplesmente: "Filho, sinto muito. Te amo. Te perdôo e minha misericórdia te alcançará. Mas não posso te usar."
Para mim esta é uma das coisas mais terríveis que posso imaginar. Contudo aconteceu com o rei Saul. A Bíblia diz: "Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre; porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou." (1 Samuel 13:13-14)
Que palavras terríveis. Deus dizia ao rei: "Tu podias ter tido continuamente minha benção sobre tua vida. Eu estava prestes a estabelecer teu reino em Israel para sempre. Tinha grandes planos para ti, planos para te usar poderosamente. Mas não quisestes tratar com teu pecado. Ao contrário, ficastes cada vez mais amargo e endurecido. Assim que, agora, Eu me separo de ti." Imediatamente o Espírito de Deus deixou o rei - e desde este momento Saul não foi mais útil para o reino. Desde este instante em diante cada coisa que Saul fez, o fez na carne.
Nos últimos anos temos visto o Espírito de Deus trabalhando fortemente contra os ministérios de pastores carnais, evangelistas e pregadores de TV. Deus removeu, da noite para o dia, suas bênçãos sobre eles, causando a decadência de seus trabalhos diante dos olhos do mundo. E agora o mesmo Deus está prestes a dizer a outros na igreja, que eles não serão mais úteis para o seu reino. Penso nos professores de faculdades cristãs que se deleitam em tirar de seus estudantes a fé que possuem. O espírito destes professores se secou e se tornaram ocos, vazios e sem frutos. Agora suas únicas metas são escapar do inferno.
É aqui que tudo acaba quando você permanece no pecado. Você se torna totalmente estéril e sem frutos, e sem nenhum proveito para o reino de Deus.
Está o Senhor tratando agora mesmo com seu pecado? Ele tem lançado no seu coração flechas de condenação, fazendo com que você se sinta culpado do pecado? Não tema - isto é presente de Deus. Ele está plantando seu divino poder em você, ensinando: "somente através do Meu santo temor te apartarás do pecado."
Uma vez tendo se convencido da maldade do seu pecado, estará pronto para a consolação do Espírito Santo. O livro dos Atos nos diz: "Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo." (Atos 9:31). À medida que estes cristãos do primeiro século caminhavam no temor do Senhor, recebiam a consolação do Espírito Santo.
Então o que significa exatamente "andar no temor do Senhor"? Significa relembrar a si mesmo as advertências dEle. E significa permitir ao Espírito trazer condenação ao seu coração, colocando às claras seus pecados e, retirando-os de você. Ao fazer isto, Ele estará lhe colocando os alicerces para que se cumpra em você cada uma das promessas da Nova Aliança de Deus.
E assim, quando o temor de Deus tiver se apoderado totalmente de você, então terá pavor do perigo e das conseqüências do pecado. E andará cada dia neste temor santo. Finalmente, verá que o tempo todo Deus tem sido misericordioso enquanto trabalha em você, cumprindo o que Ele prometeu: libertá-lo do domínio e da escravidão do pecado.