Uma Fé Que Aumente Progressivamente
“Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé” (Lucas 17:5). Os homens que formavam o círculo próximo a Cristo pediam algo importante ao Mestre. Eles desejavam uma compreensão maior quanto ao significado e às obras da fé. Eles estavam dizendo basicamente: “Senhor, que tipo de fé desejas de nós? Dê-nos uma revelação do tipo de fé que Te agrada. Queremos ganhar o significado mais amplo da fé”.
Aparentemente, o pedido parecia elogiável. Contudo, acho que os discípulos perguntaram isso a Jesus porque estavam confusos. No capítulo anterior, Cristo havia lhes deixado perplexos dizendo: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito. Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” (16:10-11).
Jesus sabia que a carne dos Seus seguidores queria evitar o quê consideravam ser questões menores da fé. Por isso lhes disse: “Se forem fiéis nas coisas pequenas, nas questões fundamentais da fé, então serão nas coisas grandes também. Então, provem serem dignos de confiança nos requisitos básicos da fé. Caso contrário, como irão lhes confiar porções mais profundas?”.
Se formos honestos, admitiremos que somos muito parecidos com os discípulos de Jesus. Também queremos avançar direto para as áreas maiores da fé, obter o tipo de fé que move montanhas. E, como os discípulos, muitas vezes julgamos a fé pelos resultados visíveis.
Pense em todas as pessoas que achamos ter grande fé. A maioria delas conseguiu coisas para o reino que podem ser documentadas: programas de alimentos, ministérios aos pobres e necessitados, grandes igrejas, institutos bíblicos, programas missionários.
Lembramo-nos de George Muller, o homem que construiu orfanatos na Inglaterra e ajudou a fundar as Missões Para o Interior da China. Muller nunca pediu auxílio financeiro. Pelo contrário, ele orava por cada centavo em sua obra piedosa; altas somas que muitas vezes chegavam no último minuto. Muitos cristãos atualmente reconhecem Muller como sendo o epítome do homem de fé.
Também nos lembramos de Rees Howells, o homem conhecido como “O Intercessor”. A biografia de Howells está cheia de histórias de respostas milagrosas à sua oração intercessora. Esse homem adquiria imóvel após imóvel para serem usados para o reino de Deus, tudo pela fé. Como Muller, Howells orava por cada centavo, chegados “na última hora”. Alguns consideram sua grande obra como outra definição de fé.
Muitos visitantes da Igreja de Times Square sentem a mesma coisa em relação ao ministério de Deus aqui. Eles ficam espantados com os incríveis prédios que o Senhor tem concedido abrangendo um quarteirão inteiro na Broadway, e tudo sem dívidas. Vêem nosso Lar de Sara para mulheres, nosso programa de alimentos do Raven Truck, e outros trabalhos fiéis. E nos dizem: “Os seus líderes devem ser pessoas de muita fé. Vejam que resultados incríveis”.
O nosso ministério há pouco recebeu carta de um jovem penitenciário, que agora se tornou cristão, e está em nossa lista de correspondência. Ele me ouviu dizendo num sermão gravado: “Pode chegar o dia em que serei preso por pregar contra o homossexualismo”. O jovem me assegurou que se isso ocorrer, os presos cristãos de todo o país irão inundar o sistema penitenciário com cartas, numa campanha para me libertar. Ele diz que sou conhecido entre os presos como homem de muita fé, por ter desenvolvido o programa de recuperação de drogas do Desafio Jovem, e outros ministérios nos EUA, visando pessoas que tenham problemas, como ele próprio. Assim, ele argumenta, “O senhor é mais necessário fora das grades”.
Agradeço a Deus pelo Desafio Jovem e todas suas extensões: fazendas, ranchos, centros de assistência, institutos bíblicos. E sou grato por todos os outros ministérios centralizados em Deus, que o Senhor tem levantado e abençoado na terra. Contudo, quero que você saiba, nenhuma dessas obras grandes e visíveis representa a definição de Deus para fé. Em verdade nenhuma obra, não importa quão grande possa ser, tem qualquer valor para Deus a menos que os pontos menores e ocultos da fé estejam sendo cumpridos.
Pessoas brilhantes e espertas têm conseguido obras similares sem Deus. Sun Myung Moon e seus seguidores têm adquirido complexos de edifícios de milhões de dólares, fundado trabalhos gigantescos de caridade, e até adquirido serviço nacional de mídia. Contudo, nenhuma dessas coisas é a medida que Deus tem de fé.
A fé verdadeira, aos olhos de Deus, não tem nada a ver com o tamanho ou a extensão da obra que você planeja realizar. Antes, ela tem a ver com o enfoque e o sentido da sua vida. Veja, Deus não está tão interessado na grande visão que você tem, quanto naquilo no quê você está se tornando.
Você crê que o Senhor colocou em seu coração um sonho que exige um milagre para acontecer? Você foi desafiado para dar um passo numa nova direção que exija fé sobrenatural? Você precisa que Deus opere uma maravilha em seu lar - física, financeira or espiritual?
Não temos liberdade de orar a esmo por tudo que nossas mentes egoístas possam conceber. Não temos permissão para entrar na Sua presença e dar vazão à nossas tolas idéias, e falatórios impetuosos. Se Deus assinasse todas as petições sem sabedoria que Lhe fazemos, Ele acabaria entregando Sua glória.
Existe uma lei da oração! É uma lei com o intuito de exterminar orações desprezíveis e egoístas - ao mesmo tempo, tornando possível aos que procuram com honestidade, o pedir com confiança. Em outras palavras - podemos orar por qualquer coisa que queiramos, desde que seja da Sua vontade.
"Se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve" (1 João 5:14).
Os discípulos não estavam orando de acordo com a vontade de Deus quando oravam com espírito de vingança, e retaliação. Fizeram um pedido a Deus da seguinte maneira: "Queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?" Jesus respondeu: "Vós não sabeis de que espírito sois" (Lucas 9:54,55).
Jó, em sua tristeza, implorou a Deus que lhe tirasse a vida. E se Deus tivesse atendido tal oração? Esse modo de orar era contrário ao desejo de Deus. A palavra nos previne: "Que sua boca não seja apressada em falar perante o Senhor".
Daniel orou da forma correta. Primeiro, foi às escrituras para pesquisar a mente de Deus. Tendo recebido instruções claras, e certo da vontade dEle, ele corre para o Seu trono com poderosa confiança. "Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração"(Daniel 9:3).
Sabemos muito sobre o que nós queremos e muito pouco sobre o que Ele quer.
“Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?” (Lucas 16:12). Jesus está dizendo, em outras palavras: “Você diz que quer uma revelação, algo que o capacite a fazer grandes coisas. Porém, como pode lhe ser confiado esse tipo de fé, se você não se mostra confiável nas coisas que os outros lhe deram?”.
As palavras de Jesus devem ter deixado os discípulos coçando a cabeça. O Mestre sabia que eles nada possuíam, muito menos algo dado por outrem. Eles haviam abandonado tudo para serem Seus discípulos; e O seguiam aplicando-se ao máximo. As palavras dEle simplesmente pareciam não se aplicar a eles.
Contudo, a questão é: o que Jesus quer dizer quando fala “do alheio” (16:12)? Ele está falando do nosso corpo e de nossa alma, que Ele comprou com Seu próprio sangue: “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (I Coríntios 6:20).
Jesus está dizendo: “O seu corpo não lhe pertence mais. E se você não cuida desse corpo - ou seja, se você não Me deixa vê-lo por dentro, tratar com seu pecado, e lhe santificar - como você espera que Eu lhe confie algo maior? Primeiro reavalie, e veja o que fez com as coisas que já lhe confiei”.
Ora, como os discípulos pediram aumento de fé, Jesus tinha uma resposta pronta para eles: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá” (Lucas 17:6). Mais uma vez, o Senhor se concentra nos pontos menores da fé, referidos como um único grão de mostarda.
Esse versículo sobre a mudança da amoreira sempre me intrigou. Quando o lemos, imaginamos uma pessoa de muita fé ao lado da árvore ordenando: “Ide, remova-se daqui, seja plantada no mar, e cresça lá”. Aí vemos a árvore tendo a raíz retirada, saindo do solo, voando pelo ar até afundar nas ondas.
O quê poderia Jesus estar sugerindo com essa imagem? Uma amoreira não pode ser plantada no mar e viver; morreria imediatamente. Além disso, o nosso Deus não é showman. Ele não realiza ou sugere coisas para se mostrar. Contudo sabemos que toda palavra que Jesus proferiu é para a nossa instrução. Então, o que Ele quer dizer aqui?
Pode-se dizer: “Esse versículo quer dizer que o nosso Senhor é o Deus do impossível”. Discordo. Mesmo nos dias de Jesus, era possível para alguns homens tirar uma árvore, levá-la até o mar, e plantá-la lá. Hoje, esse trabalho é ainda menos difícil, com grandes máquinas aptas para remover árvores em segundos. Onde está a fé nisso?
Acredito que essa declaração se trata de arrancar as raízes em nosso coração. Jesus está falando das raízes do mal, das coisas escondidas com as quais temos de tratar como Seus seguidores. Ele está dizendo: “Antes de crer que Deus move montanhas, você precisa remover raízes. E você não precisa de uma fé grande apostólica para fazer isso. Só precisa de uma quantidade mínima de fé. Estou pedindo que você faça uma coisa muito básica: arranque suas raízes do pecado. Quero que você examine seu coração, e remova tudo que não é Meu”.
Simplesmente não podemos pensar em assumir qualquer trabalho em nome de Deus, se nossas raízes de pecado estão se aprofundando. E o desafio para arrancar raízes não é restrita a pastores, mestres e evangelistas. É função de todo cristão. Então, pergunte a si próprio: qual é a raíz de pecado que está encravada fundo em seu corpo e espírito? Seria pornografia, ganância, inveja, amargura, medo de rejeição, baixa auto-estima, sensação de inutilidade?
Jesus nos intrui: “se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o” (Marcos 9:47). É claro que essa ordem tem sentido espiritual. Sabemos que não são literalmente os nossos olhos que nos levam a pecar, mas sim os olhos do nosso coração cheio de desejo. Mas como podemos arrancar algo que se aprofundou tanto durante anos? Tais fortalezas exigem fé para serem arrancadas.
Na verdade, a mensagem de Jesus sobre o grão de mostarda é sobre isso. Ele nos fala que, pela fé, podemos arrancar toda raíz de pecado de nossa vida - até mesmo aquela com a qual Deus tem trabalhado conosco há anos.
É por isso que escrevi meu recente livro, The New Covenant Unveiled (A Nova Aliança Desvendada). Chegou uma hora em que me senti travado, me perguntando como ser capaz de arrancar o pecado. Ponderei sobre esse dilema uma noite durante as férias, ao caminhar por uma praia. Senti o Espírito Santo me dizendo: “David, veja lá em cima a constelação da Grande Concha. Em sua própria força, você tem tanta chance de remover o pecado de seu coração quanto tem de saltar por cima daquela fileira de estrelas”.
A Nova Aliança nos mostra que somos capazes de arrancar até a raíz mais profunda de pecado, mas só confiando no Espírito Santo. Por um único grão de fé, somos capacitados a orar, “Pai, Tu prometestes em Tua aliança vencer os meus pecados. Bem, Tu sabes tudo a respeito do meu pecado particular; o Senhor há anos vem tratando comigo por causa disso. Agora Te peço para cuidar dele. Odeio esse pecado, e quero que seja arrancado. Creio que Tu farás isso para mim, Senhor”.
Jesus diz que se declararmos tal fé nas promessas de aliança feitas por Deus, nossa raíz se irá: “e ela vos obedecerá” (Lucas 17:6). Nesse ponto, o Espírito Santo arranca a raíz maligna e a lança no mar do total esquecimento de Deus, para que nunca mais nos assombre.
Todos os piedosos servos que consideramos pessoas de grande fé - como George Muller, Rees Howells e outros - começaram por essa obra menor. Antes de se determinarem a atos de bravura para o reino, permitiram que Deus tratasse de suas raízes. Eles exercitaram uma pequena quantidade de fé, pedindo que o Espírito Santo lhes mostrasse tudo que fosse mal neles. E o Espírito fielmente erradicou seus pecados, despindo-os de tudo que fosse da carne,
No processo, esses homens descobriram-se frágeis, incapazes de praticar até a erradicação mais simples em sua própria força. Contudo, ao obedecerem à ordem de Jesus para arrancarem suas raízes pela fé na ação do Espírito Santo, revelações vieram, e sua compreensão da fé aumentou.
Se conscientemente permitirmos que uma raíz do mal permaneça em nós, perdemos o direito à todas as armas espirituais contra o diabo. Primeiro, perdemos a força de nossa espada. A seguir somos despojados de toda armadura. Finalmente, perdemos a vontade de lutar. Diga-me: como podemos destruir fortalezas se não temos mais armas? “Porque as armas da nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Coríntios 10:4).
Vemos um exemplo trágico disso em I Samuel 13. Num capítulo anterior, Saul e seu exército de 300.000 israelitas havia vencido estrondosamente os amonitas em Jabesh-Gileade. A confiança de Israel aumentou por causa da grande vitória. Mesmo assim Deus lhes previne: “Se, porém, não derdes ouvidos à voz do Senhor, mas, antes, fordes rebeldes ao seu mandado, a mão do Senhor será contra vós outros, como o foi contra vossos pais” (I Samuel 12:15).
Agora, no capítulo 13, encontramos Saul e o povo andando em desobediência. Isso se iniciou quando Saul ofereceu um sacrifício proibido. O povo se alinhou com ele, dizendo: “Quem disser que Saul não deve ser nosso rei deverá ser morto”.
Quando o piedoso profeta Samuel chega ao local, contudo, ele profere estas terríveis palavras a Saul: “Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o Senhor confirmado o teu reino sobre Israel para sempre” (13:13).
Imediatamente, vemos o resultado da desobediência de Israel. Apenas quatro versos adiante, lemos: “Os saqueadores saíram do campo dos filisteus em três tropas” (13:17). Três unidades irromperam dentre o exército principal filisteu, se espalhando por Israel e atacando as aldeias. Esses saqueadores levaram espólios com toda facilidade, até mesmo as armas de Israel.
Por que o povo de Deus não se levantou contra os invasores? Afinal de contas, eles possuíam farto armamento (inclusive o dos amonitas, que haviam pego em batalha). A triste verdade é que os israelitas não tinham mais espírito de luta, devido ao pecado. Assim que viram o inimigo chegando, eles fugiram de medo.
Israel foi deixado só com forcados, arados e materiais do campo. Mas eles não podiam forjar esse material em armas porque não havia mais ferreiros: “Ora, em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espada, nem lança” (13:19).
A mensagem de Deus nesta passagem é clara: “Se vocês continuarem Me desobedecendo, não andarei mais com vocês. Vocês poderão parecer estar realizando a Minha obra; mas não terão a Minha presença, bênção ou poder”.
Fé é basicamente obediência, possuir poder para obedecer a palavra de Deus. E Satanás sabe disso. É por isso que ele deseja que você continue preso à essa remanescente raíz na alma. Ele sabe que isso irá lhe esvaziar todas as defesas, lhe roubar as armas e neutralizar seu espírito de luta.
Vejo isso acontecendo com ministros e leigos cristãos por todo o mundo. Eles possuem todas as ferramentas necessárias para realizar suas boas obras. E, ao olharem para os campos de trabalho, se congratulam pela grande colheita e pelo grande rebanho. Porém, o tempo todo, estão em perigo. Há um saqueador em seus corações, um pecado assediador com o qual eles não querem tratar. E isso está lhes espoliando, roubando sua vontade de luta. Mais tarde, quando Satanás invadir suas vidas, eles se renderão sem luta. Eles simplesmente não possuem defesa contra ele.
Como Saul, todos os crentes com raízes profundas de pecado acabam confusos, com a mente dividida, e com medo. As escrituras dizem o seguinte sobre eles: “Fogem os perversos, sem que ninguém os persiga; mas o justo é intrépido como o leão” (Pv. 28:1). Tais pessoas podem dizer a si mesmas: “Ainda tenho duas armas: a oração, e a fé na palavra de Deus”. É trágico, mas elas não têm. Davi declara: “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido” (Salmo 66:18).
Nós simplesmente precisamos declarar à nossas raízes do mal: “Seja arrancada”. E temos de crer que elas irão embora, segundo as promessas da aliança com Deus. Só então o nosso espírito de luta voltará. Empunharemos a espada de dois gumes de Deus mais uma vez. E veremos nossas orações rapidamente sendo respondidas. Finalmente, estaremos cheios de ousadia e alegria, levando os demônios a fugir.
Jesus respondeu o pedido de fé dos discípulos ainda de outra maneira. Ele lhes diz:
“Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem já e põe-te à mesa? E que, antes, não lhe diga: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás?... Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lucas 17:7-8, 10).
Claramente, Cristo fala aqui de nós, Seus servos, e de Deus, nosso Senhor. Em resumo, Ele está dizendo que devemos alimentar a Deus. Você pode pensar: “Que tipo de alimento devemos oferecer ao Senhor? O que satisfaz Sua fome?”.
A Bíblia nos diz: “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6). Simplificando, o prato mais delicioso para Deus é a fé. Esse é o alimento de que Ele gosta.
Vemos isso ilustrado em todas as escrituras. Quando um centurião pediu a Jesus para curar seu servo enfermo simplesmente proferindo uma palavra, Cristo se banqueteou com a vibrante fé desse homem. Ele replicou: “Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta” (Mateus 8:10). Jesus estava dizendo: “Cá está um estrangeiro, uma pessoa de fora, que está alimentando Meu espírito. Que refeição nutritiva a fé desse homem está Me dando”.
De igual maneira, Hebreus 11 serve um grande banquete ao Senhor. Esse famoso capítulo descreve a fé dos amados guerreiros de Deus em toda a história.
Em seguida, vejo nas palavras de Jesus uma declaração franca: “Você não come primeiro. Eu sim”. Em outras palavras, não devemos consumir nossa fé em nossos próprios interesses e necessidades. Pelo contrário, a nossa fé foi feita para satisfazer a fome de nosso Senhor: “Prepara-me a ceia...e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás” (Lucas 17:8).
O quanto nossa fé é consumida em nossos próprios interesses, em vez dos interesses de Deus? Quantas de nossas orações consistem de “Senhor, estou trabalhando fielmente em Tua seara, arando para Ti. E agora preciso disso ou daquilo de Ti, afim de continuar minha obra”.
Ao longo dos anos, grande número de pastores veio ao meu escritório para me visitar. A maioria entrou carregando não a Bíblia, mas algum grande plano. Tais homens eram consumidos por uma grande visão, contudo nunca falaram sobre Jesus. Só conseguiam pensar em seu sonho: a construção de uma igreja, um programa de alimentação, uma extensão do ministério.
Agradeço ao Senhor por sonhos e desejos vindos do céu. A maioria dos ministérios que exaltam a Deus atualmente são visões tornadas realidades, cumpridas através de inquietudes colocadas por Deus. Contudo, muitos crentes possuidores dessa inquietude não se conscientizam de que antes de um sonho se realizar, Deus muitas vezes faz anos de desnudamento, exposição, ruptura. É simplesmente a maneira dEle.
Jesus está nos dizendo: “Quero que Me alimentem, que Me dêem toda a rédea para que Eu os molde e refaça segundo a Minha imagem. Simplesmente Me tragam sua fé. Eu lhes mostrarei uma visão verdadeira”.
Jesus continua, “Porventura, terá (o Senhor) de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado? Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lucas 17: 9-10).
A palavra inúteis aqui quer dizer sem mérito - nada merecendo pelo trabalho ou por sí. Jesus está dizendo: “Depois de haver tratado de suas raízes do pecado pela fé, não diga: ‘Consegui. Eu venci’. Não, unicamente a graça do Pai o libertou”.
Alguns ficam orgulhosos quando ganham vitória sobre o pecado. Pensam, “Dei um jeito na vida. Deus deve ficar grato por ter em mim um vaso limpo”.
Mas Jesus replica, “Não, a verdade é que você está apenas iniciando o cumprimento do seu dever. Desde o dia em que foi salvo, lhe ordenei que abandonasse o pecado. Então, por que esperou cinco, dez, vinte anos para Me obedecer? Você não tem direito a se auto parabenizar”.
Conheço um irmão cristão cuja esposa o deixou por outro homem. Durante todo o transcorrer desse difícil período, ele se manteve moralmente puro. Mais tarde, alegou: “Conquistei minha justiça. Paguei um preço para isso”. Não, nunca. Não importa o quanto doa ou sejam difíceis nossas lutas, a nossa obediência nunca poderá fazer-nos justos. Trata-se simplesmente de nosso dever básico.
Contudo, até a mais simples das obediências é alimento ao nosso Senhor, porque é nascida da fé. É um banquete que O faz se alegrar, dizendo: “Você está Me alimentando, satisfazendo Minha fome”.
Você foi honesto com Deus, reconhecendo que suas raízes estão lhe destruindo? Você se arrependeu verdadeiramente, exercendo fé em Sua promessa de aliança para subjugar o pecado? Só então irá o Senhor lhe levar à vitória.
Durante minha vida, conheci dois líderes de seitas com grande número de seguidores. (Ambas seitas ainda existem). Eram homens visionários, cheios de carisma, ousadia e zelo. Eram evangelistas incansáveis, e ministravam aos pobres e necessitados. Construíram institutos bíblicos, edifícios, e enviaram missionários para todo o mundo. Seus devotos seguidores abandonaram tudo para ministrar com eles.
Mas ambos esses homens tão grandemente dotados possuíam raízes fundas de lascívia. E porque se recusaram a tratar de suas raízes, cada um deles se afundou em horríveis vícios sexuais.
Um deles viajava em um ônibus com equipamento especial. Ele uma vez me convidou a entrar, e assim que pus os pés lá, senti tremenda opressão demoníaca. Mais tarde, a terrível imoralidade deste ministério foi mostrada.
O outro líder de seita era um pregador de poder, com claro chamado para o evangelismo. Ele também era discipulador talentoso, atraindo centenas de jovens ao ministério e à obra de missões. Além disso, esse ministro era esposo dedicado e homem de família.
Mas era viciado em pornografia. E por não querer tratar com seu pecado, sua luxúria se tornou extravagante, levando a organização à loucura sexual. Ele fez uma regra de que toda jovem que se casasse tinha de passar sua primeira noite com ele. A seguir transformou algumas das mulheres em prostitutas, enviando-as para fazer o que chamava de “evangelismo do amor”.
Esse homem que no passado tinha unção, passou seus últimos dias andando de um lado para o outro em seu trailer, como um leão enjaulado. Suas raízes profundas o haviam tornado um louco depravado.
Esses dois homens tinham querido mover montanhas. Pregaram e ensinaram a fé. E centenas foram tocados através de seus ministérios. Contudo, eu lhe digo, Deus não tinha papel em seus trabalhos. Por que? Porque o zelo que tinham era da carne, porque se recusavam a arrancar seu pecado. Como resultado, suas grandes obras terminaram em completa destruição.
Jesus diz o seguinte sobre essas pessoas: “Muitos virão, dizendo: curamos os enfermos, expulsamos demônios, fizemos grandes obras. Mas Ele dirá: apartem-se de Mim, obreiros da iniqüidade. Nunca os conheci” (vide Mateus 7:22-23).
Jesus está falando com você sobre suas raízes? Se estiver, atenda à Sua voz, a qualquer preço. Ele insiste: “Esqueça o evangelismo no momento. Ponha de lado os sonhos e visões por algum tempo. Eu lhe confio um grão de fé. E quero que você seja fiel nessa pequena quantidade. Venha a Mim agora, e peça-Me para arrancar o seu pecado, pela fé. A seguir alimente-Me, pela sua obediência. Faça isso, e então verá a Minha visão santa acontecendo em sua vida”.